Durante o protesto, marcado para iniciar às 18 horas, pelo menos seis pessoas devem discursar, pedindo a renúncia da Mesa Diretiva da AL. Os organizadores coletam assinaturas com a mesma finalidade
A movimentação para o protesto contra a corrupção e desvios de dinheiro na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná começou cedo em Londrina. Milhares de pessoas se reuniram desde as 17 horas desta terça-feira (8), no Calçadão, onde se concentrara a manifestação. Segundo os organizadores, aproximadamente 1,5 mil pessoas foram até o Calçadão. Músicas foram tocadas para atrair as pessoas. Durante o protesto pelo menos seis pessoas devem discursar, pedindo a renúncia da Mesa Diretiva da AL.
O ato público foi convocado em protesto contra a existência de diários secretos com nomeações de funcionários fantasmas na AL e que levaram o Ministério Público (MP), após investigações da RPCTV e Gazeta do Povo, a rastrear um desvio milionário de recursos que envolve diretores e deputados estaduais em um esquema que perdura há pelo menos 20 anos.
“A sociedade está voltando a se envolver, depois de uma série de movimentos em Londrina, que já teve até cassação de prefeito”, afirmou o diretor do Sindicado dos Bancários de Londrina, Geraldo Fausto dos Santos, referindo-se à cassação do ex-prefeito Antonio Belinati, hoje deputado estadual e que se manifestou contra o afastamento da Mesa Diretiva. Os participantes devem cantar os hinos do Paraná e de Londrina também continuam a coleta de assinaturas para o abaixo-assinado que pede o afastamento ou a renúncia de Nelson Justus (PMDB) e Alexandre Curi (PMDB), respectivamente presidente e 1º secretário da AL. Ambos são acusados de contratar uma rede de parentes e apaniguados polÃticos que contribuÃram diretamente para o desvio de recursos da Assembleia do Paraná.
“Essa Mesa Diretiva está contaminada com o vÃcio da corrupção. Sem a saÃda, não haverá uma investigação de credibilidade e transparência”, afirmou Santos. Ele defendeu redução no número de funcionários fantasmas da AL, como forma de evitar corrupção, como a contratação de funcionários fantasmas. “Esta aà a raiz da corrupção”, disse. O mecânico aposentado Nivais Pereira, de 69 anos, foi ao Calçadão especificamente para protestar contra a corrupção. “Isso nunca acaba. Acho que este é o momento de dar a minha contribuição”, disse o aposentado, que participa pela primeira vez de uma manifestação.
Manifestantes de Ibiporã também foram ao Calçadão de Londrina para endossar o protesto contra a corrupção na AL. Pouco antes do inÃcio da manifestação algumas figuras ilustres de Londrina chegaram ao protesto. Entre eles, o escrito Domingos Pellegrini, colunista do JL, e o jornalista Délio César, um dos fundadores do JL. Passou pelo Calçadão o ex-vereador Henrique Barros (sem partido), preso em flagrante em janeiro de 2008 e que deu inÃcio aos escândalos de corrupção da Câmara de Vereadores da Legislatura passada.
Discursos
O primeiro discurso da noite foi proferido pelo arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes. Antes de falar, o arcebispo começou com a oração do Pai-nosso. Dom Orlando citou a passagem bÃblica que diz “daà a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. “A corrupção deturpa a democracia. Também praticam corrupção através do poder econômico. A Igreja Católica sempre esta do lado do povo e da verdade”, afirmou o arcebispo.
Protesto decisivo
Essa manifestação do movimento “O Paraná que Queremos”, que ocorre em 13 cidades do estado será decisiva para a implantação de mudanças na Assembleia Legislativa do Paraná e representa um “novo grito de independência”. Esta é a avaliação do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante. “O Paraná dá exemplo de cidadania, de luta pela ética e de engajamento de todos os setores da população por uma sociedade melhor. Esse movimento terá repercussão. O grito dos paranaenses será ouvido no Brasil, que clama por sua independência ética”, disse.
Fonte: Jornal de Londrina