Barbosa desafia vereadores no caso Centronic


Prefeito sugeriu, na coletiva semanal, que a Câmara crie uma Comissão Especial de Inquérito para investigar denúncias contra ele

O prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), lançou desafio para que os vereadores a criassem uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o Caso Centronic. A Câmara de Londrina aceitou. Ontem de manhã, o vereador Joel Garcia (PTN) protocolou pedido na mesa diretora para que seja encaminhada correspondência ao Ministério Público, solicitando cópia do procedimento investigatório contra o prefeito no caso. Este é o primeiro passo para que seja aberta mais uma CEI ou, se os vereadores assim entenderem, até uma Comissão Processante.

Na última terça-feira, o Ministério Público protocolou uma ação civil pública por improbidade contra Barbosa, acusado de ter usado vigilantes contratados pela Prefeitura de Londrina, via Centronic, para trabalhar na Rádio Brasil Sul, que pertence à família do prefeito. Na coletiva de ontem, o prefeito desafiou o Legislativo para também investigar o caso. Barbosa avaliou como “indevida” a ação do MP e disse que não há nenhuma prova que possa incriminá-lo. “Não vejo a hora de ser ouvido e possa provar a minha inocência, porque quanto mais tempo isso dura é pior para mim. Todos os meus bens já foram colocados à disposição, meu sigilo bancário, telefônico e fiscal. Já pedi o rastreamento de todos os pagamentos para ter total transparência nessa apuração.”

Sem citar nomes, mas fazendo várias insinuações ao vereador Jacks Dias (PT), o prefeito justificou as denúncias como o início do processo eleitoral para as eleições municipais de 2012. Ele disse que as acusações partiram de pessoas ligadas a vereadores. “Alguns dos que denunciaram já tem ligações políticas históricas e ligações com o vereador que também está sendo investigado por contratos com a Centronic”, disse.

Para o prefeito, a atual administração não teve nenhuma vantagem com a Centronic, pois o contrato foi rompido. “Não fomos nós quem assinamos o contrato, com a empresa, mas rompemos ele quando a Centronic foi declarada inidônea. Há interesses eleitorais dos antigos gestores do contrato.”

O presidente da Câmara dos Vereadores, Gerson Araújo (PSDB), disse que aceita o desafio do prefeito. “Se foi feito o desafio, a Câmara não é só autossuficiente como livre para aceitá-lo. Se alguém propuser algo do tipo não teremos problemas em analisar a documentação e abrir mais uma ou mais algumas CEIs”, disse.

Antes mesmo da coletiva, o vereador Joel Garcia já havia protocolado a solicitação dos documentos da Centronic. “Eu nem sabia que ele havia nos desafiado, mas já que o fez, está aceito, seu prefeito. Vamos fazer a vossa vontade”, provocou. Segundo Garcia, o MP tem até 15 dias para encaminhar os documentos. Assim que chegarem, ele pode entrar com um pedido de CEI ou de uma comissão processante, de acordo com a análise resultante dos documentos oferecerem.

Segundo o líder do prefeito na Câmara, Roberto Fú (PDT), os vereadores estão ali para aceitar os desafios que aparecem. “Vamos esperar os documentos, estamos aqui para analisar tudo. Apesar de ser líder do prefeito, quero e vou continuar me pautando pela legalidade”, disse.

O vereador Jacks Dias não quis se pronunciar sobre o assunto.

Mesa adia apresentação de parecer
A Mesa Diretora adiou, para a próxima terça-feira, a apresentação do parecer emitido pela Procuradoria Jurídica da Câmara sobre o caso em que o prefeito Barbosa Neto é acusado de promoção pessoal durante a realização do Réveillon de Luz, no Aterro do Lago Igapó. A representação foi feita no começo de fevereiro pelo vereador Joel Garcia (PTN). O vereador pediu a abertura de uma Comissão Processante (CP), que poderia levar à cassação do mandato do prefeito. O parecer jurídico, depois de apresentado, entra em votação na quinta-feira, para ser aprovado ou rejeitado, antes que se inicie uma CP.

De acordo com Gerson Araújo, o adiamento foi necessário porque o parecer ainda precisava passar “de um local para outro” antes de poder ir para o plenário. “Nós acreditávamos que iríamos encampá-lo de forma direta, mas após algumas deliberações internas, calculamos que deveríamos democratizar esta decisão e oferecê-lo ao plenário. Estaremos cumprindo os trâmites burocráticos para dar entrada na próxima terça-feira, para que a discussão possa acontecer na quinta-feira”, explicou.

Segundo ele, o parecer será liberado para todos, inclusive a imprensa, mas evitou falar em abertura de procedimentos após a votação. “Todos terão ciência e o plenário decide se concorda ou não com o parecer. A partir daí, algumas decisões devem ser tomadas”, disse.

Fonte: Jornal de Londrina