CPI do SUS chega hoje a Londrina


Comissão da Assembleia que investiga leitos do SUS pretende fiscalizar instalações médicas e fazer um raio-X do sistema

Deputados estaduais que integram a CPI dos Leitos do Sistema Único da Saúde (SUS) chegam hoje a Londrina para fiscalizar as instalações médicas e vão encontrar um cenário de convulsão na saúde pública em todos os níveis. As unidades básicas de saúde (UBS) e pronto-atendimento vivem lotadas e espera de até 12 horas por uma consulta é rotina. Os hospitais de média complexidade sofrem com problemas de escalas e falta de médicos. Para os casos mais graves, e em que o paciente corre mais risco, a situação é ainda pior: não há leitos suficientes para atender a todos. Muitos têm que esperar atendimento em macas despejadas nos corredores dos hospitais.

A falta de estrutura pode ter feito mais uma vítima nesta terça-feira. Uma mulher de 58 anos morreu depois de passar mal dentro de um ônibus do transporte coletivo. O Samu foi acionado, mas demorou para chegar. A explicação do coordenador do Samu, Elândio Câmara, é que a ambulância não pode chegar a tempo, pois estava sem macas. O equipamento havia sido retido por um dos hospitais superlotados momentos antes.

Na opinião do vice-presidente do Sindicato dos Médicos e membro do Conselho Municipal de Saúde, José Luiz de Oliveira Camargo, o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Londrina tem se mostrado precário. “Faltam leitos, equipamentos, medicamentos e médicos”, aponta. Para ele, é preciso um choque de gestão e mais recursos, principalmente federais. “Os recursos seriam suficientes se o atendimento se restringisse à população de Londrina”. Segundo ele, a cidade atende uma população estimada em 2,5 milhões de pessoas que vêm de municípios vizinhos.

Camargo também aponta as longas filas de espera para consultas, atendimento nas diferentes especialidades médicas, realização e entrega de exames, além da extensa lista de pacientes a espera de cirurgias. “Os hospitais públicos não dão conta e os conveniados não têm estímulo em atender diante da precariedade dos valores pagos, que na maioria das vezes não cobre nem os custos”, afirma. Somados todos esses problemas, o conselheiro diz que o atendimento em Londrina é considerado de baixa qualidade.

Faltam recursos
Em entrevista ao JL na semana passada, diretores de hospitais da cidade opinaram sobre a crise na saúde. O superintendente da Santa Casa, o neurologista Fahd Haddad disse que o orçamento nacional da Saúde de R$ 80 bilhões está muito aquém do necessário. “Segundo estudiosos, a necessidade é de R$ 200 bilhões.”

A superintendente interina do HU, Denise Akemi Mashima, afirmou que, a curto prazo, a solução seria investir na ampliação de leitos e funcionários para dar conta da demanda diária. A médio prazo, seria necessário a organização do fluxo de atendimento no sistema. E a longo prazo, ela citou ações de promoção da saúde. Nenhum dos diretores quis falar com a reportagem ontem.

Operação do Gaeco fez Londrina ser prioridade

O objetivo da CPI dos Leitos do SUS, de acordo com o presidente da comissão, deputado Leonaldo Paranhos (PSC), é fazer um raio-X da saúde nos municípios paranaenses, levantar os problemas e corrigi-los. Paranhos contou que Londrina foi priorizada – é a segunda cidade a receber a visita dos deputados, depois de Curitiba - por conta das denúncias de corrupção no setor, deflagradas pelo Gaeco na semana passada. Vinte pessoas estão sendo investigadas e 14 continuam presas pela suposta participação no desvio de recursos públicos da saúde.

O deputado disse que quer ouvir os promotores do Gaeco sobre as denúncias, além de falar com donos de hospitais, central de leitos, presidentes de associações e, claro, com os usuários do SUS. Ele afirmou que não vai esperar a conclusão da CPI, prevista para agosto, para começar a resolver os problemas.

Paranhos garantiu ainda que, se forem encontrados problemas de gestão ou de corrupção na saúde, os responsáveis vão responder administrativamente e judicialmente. No total, 12 regionais de saúde serão visitadas pela comissão. Os locais a serem visitados em Londrina não foram divulgados. No período da tarde, os membros da CPI seguem para Maringá.

Fonte: Jornal de Londrina