Baixo salário afasta médicos de concurso da prefeitura


Em pelo menos dois cargos oferecidos pelo município para médicos, o número de candidatos inscritos é inferior ao número de vagas ofertadas

O concurso público aberto pela Prefeitura de Londrina, a ser realizado em 29 de maio, não deve sanar os problemas da falta de médicos nas unidades de saúde da cidade. Isso porque, em pelo menos dois cargos oferecidos pelo concurso, o número de médicos inscritos é inferior ao número de vagas ofertadas. De acordo com informações divulgadas no site da Consulplan, responsável pela elaboração do concurso, apenas oito pessoas se candidataram ao cargo de ginecologista e sete para o de pediatra, enquanto o número de vagas para ambas as funções é 10.

A falta de interesses dos médicos é causado principalmente pelo valor dos salários. A base salarial para médico do trabalho, clínico geral, ginecologista e pediatra é de R$ 3.005,64, com carga horária de 20 horas semanais. Segundo informações divulgadas pela Consulplan, apenas dois candidatos se interessaram pela única vaga de médico do trabalho. O cargo mais concorrido na área médica é o de medicina geral, com 29 inscritos para 10 vagas. Numa comparação, no mesmo concurso as cinco vagas de auxiliar educativo tiveram 13.422 pessoas interessados, 2,6 mil por vaga para um salário de R$ 1.233,74.

Já as vagas para plantonistas, com salários de R$ 4.873,15, para trabalhar 24 horas por semana, são mais concorridas. Quatorze profissionais se inscreveram para o cargo de plantonista na área de ginecologia, que oferece quatro vagas. Em pediatria, são 12 candidatos para oito oportunidades. Já o cargo de médico geral teve 55 inscrições para 7 vagas.

Na avaliação do vice-presidente do Sindicato dos Médicos e membro do Conselho Municipal de Saúde, José Luiz de Oliveira Camargo, a baixa procura dos profissionais pela carreira pública se deve não apenas aos baixos salários ofertados, mas também à ausência de um plano de carreira para os médicos. “Queremos ser contratados como médicos, e não como promotores de saúde”, explicou. O promotor, segundo ele, se refere a qualquer categoria profissional relacionada à saúde, como nutricionista, psicólogo, enfermeiro.

“Queremos um novo plano de cargos e salários com enquadramento individualizado por categoria profissional”, reivindicou. Camargo disse ainda que a baixa procura de médicos no concurso municipal já era esperada. Acrescentou, também, que muitos dos inscritos podem não comparecer à prova ou nem tomar posse, se aprovados. “O problema da falta de médicos vai continuar”, lamentou.

O secretário municipal de Gestão Pública, Marco Cito, reconheceu que o município já previa a baixa procura de médicos, principalmente, para atuar nas áreas de pediatria e ginecologia. Ele atribui esse fato tanto a questão salarial, quanto à defasagem de médicos em todo o Brasil, especialmente na área de pediatria.

Segundo Cito, a prefeitura já concluiu uma primeira análise do plano de cargos, carreiras e salários (PCCS), apresentado pela categoria dos médicos ao município. A intenção é apresentar uma proposta aos profissionais e continuar analisando o PCCS. “Eles serão contratados como médicos especialistas. Vamos criar a carreira de médico da família. Nosso desejo é municipalizar todos os programas voltados à saúde”, adiantou.

O secretário não descartou a possibilidade de lançar um novo concurso público, voltado apenas para a área da saúde, após a conclusão final do plano de carreira dos médicos. Ele explicou que o cargo de promotor da saúde foi criado por administrações anteriores. “Nós estamos atendendo às reivindicações deles [médicos]”, garantiu.

Fonte: Jornal de Londrina