Saúde é a área com a pior nota. Avaliação do Instituto Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo e JL foi realizada entre 26 e 30 de maio
Embora o prefeito Barbosa Neto (PDT) ainda não tenha sido acusado diretamente por testemunhas ou mesmo pelos promotores, a Operação Antissepsia, que investiga a relação de agentes municipais com a corrupção na gestão de programas de saúde pública pelos institutos Atlântico e Gálatas, já atinge a popularidade do chefe do Executivo em Londrina.
Considerado como um governo regular por levantamentos anteriores à investigação, agora a avaliação do Paraná Pesquisas, contratada pelos jornais Gazeta do Povo e Jornal de Londrina, já revela os estragos na confiança da população em Barbosa.
À questão De uma maneira geral, o senhor aprova ou desaprova a administração do prefeito Barbosa Neto até o momento?, 52,48% dos entrevistados mostraram desaprovação ao governo ante 42,86% que aprovam a atual gestão, e 466% não sabe/ou não opinou.
O levantamento da Paraná Pesquisas foi feito entre 26 a 30 de maio, quando a Operação Antissepsia já se traduzia em uma enxurrada diária de notícias nos jornais, rádios e tevês locais sobre a investigação, revelada publicamente com a prisão de Fidélis Cangussu, o procurador-geral e braço direito de Barbosa no governo.
O cientista político Mario Sergio Lepre, explica que os dados da pesquisa revelam que a estabilidade inicial dos dois anos do governo Barbosa dá sinais evidentes de fadiga diante dos escândalos. O prefeito e assessores foram envolvidos em uma sequência de fatos muito graves. Alguns, até inexplicáveis, avalia o cientista. A população percebe isso de muitas formas.
O fato de a primeira-dama Ana Laura Lino ter sido acusada por um participante do esquema da saúde também contribuiu para a nebulosa que cola em Barbosa, avalia Lepre.O chefe do Executivo tem pontos positivos, mudou várias situações consolidadas na cidade. Mas se expôs demais, brigou muito, e marcou uma imagem de agressividade excessiva até mesmo quando toma medidas muito necessárias para a gestão, afirma. A avaliação, no entanto, piora um pouco porque passa para o campo de discussão da corrupção e as suspeitas sobre a Prefeitura. São desmandos que Londrina não tolera mais, aponta o analista.
Segundo Lepre, a reprovação ao governo deve aumentar caso o noticiário sobre a investigação se estenda: A corrupção é nefasta. Se as notícias se mantiverem na mídia, Barbosa terá uma grande questão para enfrentar no próximo ano.
Na pesquisa, a saúde pública na cidade foi assimilada pela população como foco dos maiores problemas na cidade. Cada entrevistado poderia indicar duas áreas críticas - e o descontentamento com a Saúde foi apontado por 65,6% dos pesquisados que responderam à pergunta Qual hoje é o maior problema enfrentado pelos moradores de Londrina? Na sequência, a Segurança Pública (43,73%) e a falta de pavimentação/asfalto (18,51%) foram os setores relacionados como mais graves da gestão. Saúde ruim, segurança complicada e buraco no asfalto derrubam qualquer administração, arrematou Lepre.
Pesquisa ouviu 686 eleitores
A Paraná Pesquisas ouviu 686 eleitores, acima de 16 anos, no município de Londrina. O levantamento se dá por entrevistas pessoais, coletadas entre os dias 26 e 30 de maio. A amostra pesquisada, representativa do município de Londrina, garante grau de confiança de 95% e tem margem de erro de 4%.
Saúde tem pior nota isolada; transporte coletivo se sobressai
De forma isolada, os entrevistados deram notas para diversos setores. Na pergunta de zero a dez, que nota o senhor daria para o município de Londrina? a Saúde Pública municipal foi avaliada com o pior desempenho entre seis problemas - com média 2,62. É seguida de perto pela Segurança Pública (3,80) e pela Ação Social (média 5,11). Os dois melhores desempenhos ficam com o Transporte Coletivo (6,34) e a Limpeza Pública Urbana (5,48).
Trocar gestão por política é fraqueza, avalia cientista
O cientista político Mario Sérgio Lepre vê que Barbosa está no limite de uma opção que pode ser crucial para a própria imagem. A ida do secretário Marco Cito, antes na forte Secretaria de Gestão Pública, para a Secretaria de Governo, onde atuará diretamente na interlocução com a Câmara de Vereadores, é sintoma de que a administração tende a preferir um caminho muito de resposta à crise que seja muito mais político do que de gestão.
Negociar a estabilidade do mandato com os vereadores faz a cidade perder a administração rotineira dos problemas da população, afirma o cientista. Segundo Lepre, o risco de Barbosa é jogar para a administração política o que está perdendo na gestão gerencial.
A concentração de esforços para conter a crise na Câmara onde pelo menos três Comissões de Investigação assombram o governo tira energia da função de gestor e foca no controle político, o que pode aumentar o desgaste. Para Lepre, não há duvidas de que a população sente isso. Qual seja o caminho, o cientista político é firme em atestar que Londrina já perde e que a via meramente política para conter os problemas pode levar Barbosa a decretar o fim do próprio governo.
Saúde, segurança e asfalto ruim
A crítica avaliação popular da saúde pública municipal, somada a impressões negativas da Segurança Pública e à repulsa coletiva quanto à insuficiente manutenção da pavimentação e dos buracos da cidade são a receita para um descontentamento que atinge todos os segmentos e classes sociais de Londrina com a gestão atual, afirma o cientista Mário Lepre.
Segundo ele, uma crítica saúde pública atinge todos os estratos sociais, ainda que nem todo usem o sistema público: A dengue, por exemplo, é socialmente democrática e chega em todos os lares, lembra. Como Londrina é uma cidade movida por veículos, os buracos também se destacam na hora do eleitor avaliar a gestão. Uma cidade com um aspecto estético agradável, meio-fio pintado, placas de sinalização e sem buracos é algo muito interessante para a administração municipal. Se os cidadãos se sentem mal na cidade onde vivem, na prática podem reprovar uma gestão inteira só com base nisso.
Fonte: Jornal de Londrina