Vice-prefeito deixa presidência do Idel


Município já nomeou o servidor de carreira Rubens Bento para assumir, interinamente, o cargo que pertencia a José Joaquim Ribeiro

O vice-prefeito de Londrina, José Joaquim Ribeiro (PSC), deixou o cargo de presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Idel). Ele comunicou sua saída ao prefeito Barbosa Neto (PDT) na noite de quinta-feira (16), mesmo dia em que entrou de férias. O afastamento dele da “parte prática da administração” é uma estratégia do partido, que pretende lançar campanha própria. No lugar de Ribeiro no Idel, fica interinamente o servidor de carreira Rubens Bento.

Segundo o vice-presidente do PSC em Londrina, Marcello Teodoro, a saída da legenda da administração municipal não está relacionada com a Operação Antissepsia - realizada pelo Ministério Público (MP) e que investigou Oscips que prestavam serviços na área da saúde – e resultou em denúncia no Tribunal de Justiça contra o prefeito e a primeira-dama. “A determinação da direção estadual é que saíssemos para ter liberdade de lançar candidato próprio à prefeitura e chapa pura [para a Câmara Municipal]”, justificou Teodoro.

Entre os integrantes do partido que podem concorrer ao Executivo em 2012 estão Ribeiro e Teodoro. O PSC também estaria articulando na Câmara Municipal a filiação de algum vereador, que pudesse vir a ser candidato. O vice-presidente da legenda citou Sandra Graça (PP) e José Roque Neto (PTB), como nomes com os quais o partido conversou, mas as conversas não avançaram. “Houve um contato, mas não foi nada oficial”, declarou.

Desgaste

A relação entre prefeito e vice começou a desgastar no final do mês de abril deste ano. O motivo foi o posicionamento favorável de Ribeiro a revogação da lei que impede a instalação de supermercados em um perímetro que vai do centro até áreas comerciais da PR- 445 e próximo à Rodovia João Carlos Strass. No dia 27 de abril, em entrevista à Rádio Paiquerê AM, Ribeiro manifestou a intenção de derrubar a lei, alegando a existência indevida de uma “reserva de mercado”.

Um dia depois, em entrevista coletiva, o prefeito desautorizou o vice de falar sobre a instalação de dois grupos supermercadistas na cidade e afirmou que “quem manda aqui [na cidade] sou eu”. Conforme Marcello Teodoro, esse episódio não foi o principal fator da decisão, mas “pesou”. “Não foi a causa, mas isso ocasionou um desgaste que colaborou para acelerar esse processo”, admitiu.

Prejuízos políticos

Um mês depois da deflagração da Operação Antissepsia, a gestão do prefeito Barbosa Neto (PDT) sofreu grandes prejuízos políticos. Com o núcleo duro atingido pelas denúncias, o pedetista perdeu dois secretários: o ex-procurador Fidélis Canguçu, preso em flagrante em 10 de maio e Lindomar dos Santos (Fazenda). Santos não é investigado, mas pediu para deixar o governo depois que o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), André Nadai, disse ter recebido dinheiro emprestado dele, o que foi negado por Santos.

Nadai passou à situação de investigado. Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na cada do presidente da CMTU, foram encontrados R$ 29 mil em dinheiro. O Gaeco investiga a suposta prática de sonegação fiscal por Nadai, na compra de um imóvel.

Fábio Góes, homem do núcleo duro da gestão Barbosa Neto, foi denunciado por ter participado do esforço de direcionamento da administração municipal para contratar o instituto Atlântico. Foi na sala dele que aconteceu a “reunião dos cheques”, na qual Bruno Valverde e Wilson Vieira afirmam que a primeira dama, Ana Laura Lino, pediu que o presidente do Atlântico desse R$ 20 mil para trocar um cheque. O prefeito e sua esposa também foram envolvidos nas investigações.

Apesar do indeferimento da liminar pedindo o afastamento de Barbos Neto, ele também é alvo das investigações, acusado pelo MP de ser o articulador e beneficiário das irregularidades. Por fim, o vice-prefeito, José Joaquim Ribeiro, deixa o Idel.

Fonte: Jornal de Londrina