Servidores dos Correios decidem continuar greve e aprovam contraproposta


Os servidores da Empresa de Correios e Telégrafos decidiram, em assembleias realizadas nesta quinta-feira (22), continuar a greve da categoria, que já dura nove dias. Os trabalhadores também aprovaram uma nova contraproposta para apresentar à estatal.

Os funcionários estão representados em 35 sindicatos regionais que compõem a Fentect (federação nacional da categoria). Por volta de 17h, trabalhadores de 18 regionais (metade mais uma) já haviam decidido pela continuidade da greve, segundo Saul Gomes da Cruz, que compõe o comando de greve da Fentect.

A contraproposta aprovada pela categoria inclui 7,16% (reposição da inflação do último ano), 24,76% (perdas salariais de 1994 a 2010), piso salarial de R$ 1.635, aumento linear de R$ 200, vale-refeição de R$ 28 por dia, cesta-básica de R$ 200, entre outras reivindicações.

As principais diferenças da proposta anterior é o valor do aumento linear (a exigência anterior era de R$ 400), da cesta (antes era de R$ 300) e do vale-refeição (antes era de R$ 30 por dia). A estatal oferece reajuste salarial de 6,87%, aumento linear de R$ 50, vale-refeição de R$ 25 (contra os R$ 23 atuais) e cesta-básica de R$ 140 (atualmente é de R$ 130).

Adesão

Como costuma ocorrer, a estatal e os sindicalistas apresentam percentuais diferentes de adesão à greve. Enquanto os trabalhadores falam em quase 80% da adesão só na área operacional --que reúne mais da metade dos 109 mil servidores-- os Correios dizem que somente 21,5% dos funcionários estão em greve.

Os sindicalistas dizem que estão mantendo pelo menos 30% do pessoal trabalhando, em respeito à lei de greve. Os serviços essenciais, como a entrega de remédios e sangue, também não foram afetados.

Apesar de informar que a adesão é baixa, a estatal diz que mais de 35% das entregas previstas para terem sido realizadas desde o início da greve estão atrasadas. Os serviços com hora marcada, como o Sedex 10, Sedex Hoje, Disque Coleta, foram suspensos.

R$ 807 de salário

No total, há 55 mil carteiros nos Correios, que ganham um salário de R$ 807, além de uma gratificação de 30% sobre este valor para os que trabalham na rua. Os carteiros aposentados não recebem a gratificação. O diretor da Fentect afirma que, além das reivindicações citadas, os trabalhadores querem que a estatal contrate mais 30 mil trabalhadores.

Após a greve, a estatal abriu concurso para contratar 9.900 profissionais. “Temos 6.000 carteiros afastados por problemas de saúde. Os novos contratados praticamente só vão repor esse pessoal. No Japão, que é do tamanho do Maranhão, há 300 mil carteiros. Nos Estados Unidos, 600 mil”, diz o sindicalista.

Ainda segundo Saul Gomes, os trabalhadores organizarão amanhã (23) atos em todos os Estados e no Distrito Federal. Em Brasília, foi montado um acampamento em frente ao prédio dos Correios, como forma de pressionar os diretores da estatal a negociar.

Font: UOL