Presidente da Sercomtel sacou R$ 5 mil na véspera do flagrante


Parte dos R$ 20 mil entregues pelo empresário Ludovico Bonato ao vereador Amauri Cardoso (PSDB) para que este votasse contra a abertura da Comissão Processante (CP) da Centronic, teria saído da conta pessoal do presidente da Sercomtel, Roberto Coutinho. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (14) pelo promotor Cláudio Esteves, que ofereceu denúncia do esquema de compra de votos de vereadores à Justiça nesta tarde. Além de Coutinho, também foram denunciados o ex-secretário municipal de Gestão Pública e de Governo, Marco Antonio Cito , o empresário Ludovico Bonatto, o diretor de participações da Sercomtel, Alysson Tobias de Carvalho, o chefe de gabinete do prefeito, Antonio Rogério Lopes Ortega, e o vereador afastado Eloir Valença (PHS) por formação de quadrilha e corrupção ativa e passiva.

A novidade nas investigações da compra de votos é a denúncia contra Coutinho. De acordo com o promotor Cláudio Esteves, ele teria sacado R$ 5 mil da sua conta pessoal na manhã de 24 de abril, dia em que Marco Cito e Ludovico Bonato foram presos em flagrante após a entrega de R$ 20 mil ao vereador Amauri Cardoso (PSDB). O objetivo da propina era convencer o vereador a votar com a base do prefeito Barbosa Neto(PDT), ou seja, contra a abertura da CP da Centronic, que acabou sendo aprovada pela Câmara de Vereadores e vai apurar o envolvimento do prefeito no uso de dois vigias pagos com dinheiro da prefeitura na Rádio Brasil Sul, da qual é dono.

Na versão de Coutinho, dos R$ 5 mil sacados, R$ 1 mil foi “emprestado” a Alysson de Carvalho, diretor da Sercomtel. Carvalho também acusado de fazer parte do esquema de compra de voto. O presidente da Sercomtel disse que emprestou o dinheiro para o diretor viajar a Curitiba, onde participaria de um evento do PDT.

Os outros R$ 4 mil teriam sido usados para pagar um carro, segundo Coutinho. Conforme a denúncia do MP, o dinheiro sacado da conta do presidente da Sercomtel foi entregue a Alysson de Carvalho, que o levou a Marco Cito. Cito é acusado de repassar o valor a Ludovico Bonato, que articulava a compra do voto de Cardoso.

Quadrilha

Em nota enviada à imprensa, o Gaeco afirmou que a associação dos denunciados visava estabelecer organização criminosa composta por filiados ao diretório municipal do PDT – partido do prefeito Barbosa Neto (PDT) -, "que objetivava a cooptação de membros integrantes do poder legislativo municipal, filiados a partidos que faziam oposição à administração, de modo a agregá-los à base aliada, visando conseguir a aprovação de projetos de lei de interesse do grupo na Câmara Municipal de Londrina.”

Presos

Dos denunciados, apenas Marco Cito, Rogério Ortega e Ludovico Bonatto continuam detidos na Penitenciária Estadual de Londrina II (PEL II). No último sábado (12), o diretor da Sercomtel, Alysson de Carvalho, conseguiu habeas corpus e deixou a prisão.

Investigação

A investigação se tornou pública em 24 de abril, quando o ex-servidor Ludovico Bonato e o ex-secretario Marco Cito foram presos após a entrega de R$ 20 mil para o vereador Amauri Cardoso (PSDB). O esquema de compra de apoio de vereadores para que estes votassem contra a abertura da Comissão Processante (CP) da Centronic era monitorado pelo Gaeco desde a denúncia do vereador, mantida em sigilo.

A CP, aprovada pela Câmara de Vereadores, vai apurar o envolvimento do prefeito Barbosa Neto (PDT) no uso de dois vigias pagos com dinheiro da prefeitura na Rádio Brasil Sul, da qual é dono.

O esquema

De acordo com as investigações do Gaeco, o empresário Ludovico Bonato e o ex-secretário Marco Cito teriam se encontrado no estacionamento da Prefeitura de Londrina. "Antes de o Ludovico entregar o dinheiro ao [vereador] Amauri [Cardoso], ele passou no estacionamento da prefeitura e se encontrou com o Marco Cito. Ligou então para o Rogério [Ortega] e foi orientado a aguardar, porque uma pessoa iria até eles para entregar o dinheiro.

Essa pessoa, que trouxe o dinheiro, foi o Alysson de Carvalho. Ele entregou o dinheiro para o Marco Cito e só então o Marco Cito entregou o dinheiro ao Ludovico Bonato", disse o delegado Alan Flore, na conclusão do inquérito em 3 de maio.
De acordo com Flore, essa versão havia sido confirmada pelo vereador Amauri Cardoso no dia do flagrante. "Mesmo não estando no local, o Amauri [Cardoso] nos disse isso no dia da prisão.

Informalmente, o [Ludovico] Bonato nos disse isso, mas oficialmente ele ficou em silêncio. Foi um relato espontâneo, coincidente com o do vereador Amauri Cardoso", informou.

Fonte: Jornal de Londrina