Justiça determina afastamento de presidente da Sercomtel


A 3ª Vara Criminal de Londrina determinou na tarde desta quarta-feira (15) o afastamento de Roberto Coutinho da presidência da Sercomtel. Ele foi denunciado por participação no esquema de compra de votos de vereadores por filiados do diretório municipal do PDT, partido do prefeito Barbosa Neto.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável pelas investigações, havia pedido a prisão preventiva de Coutinho, mas o juiz decidiu apenas pelo afastamento cautelar do cargo, a exemplo do que ocorreu com o vereador Eloir Valença (PHS).

“A decisão não acolheu o que entendíamos ser o mais adequado, todavia é muito importante porque o afastamento também contribui para evitar malefícios maiores ao processo”, afirmou o promotor Cláudio Esteves, que assinou a denúncia sobre a compra de votos.

Quem assume a presidência interinamente é a atual vice-presidente Eloiza Pinheiro. A reportagem do JL não conseguiu contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina nesta quarta.

Denúncia

Roberto Coutinho foi um dos seis denunciados na última segunda (14) pelo Ministério Público (MP) no episódio da tentativa de suborno ao vereador Amauri Cardoso (PSDB) para que ele votasse contra a abertura da Comissão Processante (CP) no caso Centronic, no final de abril.

Além do presidente da Sercomtel, foram denunciados o ex-secretário Marco Cito, o diretor da Sercomtel, Alyssson de Carvalho, o chefe de gabinete, Rogério Ortega, o vereador afastado Eloir Valença (PHS) e o ex-funcionário público Ludovico Bonato. Valença foi denunciado por formação de quadrilha e corrupção passiva. Os demais foram denunciados por formação de quadrilha e corrupção ativa.

De acordo com a denúncia do MP, o presidente da Sercomtel sacou R$ 5 mil da sua conta pessoal na manhã de 24 de abril, dia em que o ex-secretário Marco Cito e o empresário Ludovico Bonato foram presos em flagrante dando R$ 20 mil ao vereador Amauri Cardoso (PSDB) – que denunciou o caso e gravou as conversas seguindo orientação do Gaeco. Ao MP, o presidente da Sercomtel confirmou o saque dos R$ 5 mil, mas disse que deu R$ 1 mil a Alysson de Carvalho, que iria para Curitiba, participar de uma reunião do PDT.

A versão do presidente da Sercomtel sobre a destinação dos R$ 5 mil não convenceu os promotores do MP. Na denúncia assinada por Cláudio Esteves e Jorge da Costa, os promotores afirmam que Coutinho “providenciou, no todo ou em parte, a quantia estipulada para pagamento de Amauri Cardoso [vereador], inclusive providenciando o saque de R$ 5 mil em espécie de sua própria conta bancária, dentro da Sercomtel”. “Na nossa ótica, essa versão não foi respaldada pela realidade”, declarou o promotor Cláudio Esteves.

Defesa

Em nota divulgada na última terça (15), Coutinho informou que o empréstimo a Carvalho foi de “natureza particular, não envolvendo de qualquer forma a empresa". Segundo a nota, os controles financeiros da Sercomtel são rígidos e obedecem a procedimentos transparentes e legais. Coutinho ressaltou ainda que os fatos veiculados, de maneira alguma, abalam ou alteram a operação do Grupo Sercomtel. "Todas as atividades caminham de forma absolutamente normal, sem que seja afetado um só segmento da empresa."

Fonte: Jornal de Londrina