Crise do Executivo trava agenda da Câmara


Sem articuladores, base governista tem dificuldades para fazer andar os projetos de interesse da administração

A crise política que paralisou o Poder Executivo, com denúncias que transferiram o núcleo duro da articulação política governista para a PEL II – o ex-secretário Marco Cito, o chefe de gabinete Rogério Ortega e o ex-diretor da Sercomtel, Alysson de Carvalho, todos com prisão preventiva decretada pela Justiça –, também travou a agenda da Câmara. Além dos quatro projetos de leis complementares ao Plano Diretor, cuja votação está atrasada em quatro anos (zoneamento – uso e ocupação do solo, sistema viário, perímetro urbano e parcelamento do solo), outras matérias importantes, como o passe livre para estudantes e o uso de ações da Sercomtel para ressarcir donos de linhas telefônicas estão longe de serem votados.


A crise política dificultou a vida do Poder Executivo, porque além das explicações que são cobradas do prefeito Barbosa Neto (PDT) quanto às suspeitas contra seus auxiliares, a ausência dos articuladores no plenário dificulta a organização da base para fazer andar os projetos de interesse da administração. Outro fato que atrapalha é que seis vereadores (um terço da Câmara) estão envolvidos nos trabalhos da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga a Educação e na Comissão Processante (CP) do caso Centronic.

Apesar da visível paralisação, a maioria dos vereadores não admite relação entre crise e pauta trancada. “Eu não vejo que deixamos de votar projetos por causa da crise. O projeto que talvez tenha sido afetado é o da Sercomtel [uso de ações para ressarcir donos de linhas]”, declarou Lenir de Assis (PT). Segundo ela, a tramitação dos projetos de lei complementares ao Plano Diretor está travada por responsabilidade do Poder Executivo. Seja pela demora em responder a questionamentos da Câmara, seja pela retirada de pauta pelo líder do prefeito.

“[Os projetos] têm que vir de lá. Acho que nenhum vereador toma posição de votar contra o projeto porque vem do Executivo”, faz coro Gerson Araújo (PSDB), presidente da Câmara. Segundo ele, os trabalhos da Casa “caminham normalmente”.

Mais pessimista, o governista Roberto Fu (PDT) admite que “dificilmente” a Câmara consiga dar conta dessa agenda antes do fim da Legislatura. “Daqui a pouco entra o período eleitoral e os vereadores terão que se dedicar um pouco à campanha para tentar se reeleger. Fica difícil votar alguns projetos nesse período”, admitiu.

Tito Valle (PMDB), que já participou de uma CEI, avalia que a Câmara “funciona normalmente” mesmo nesse período de crise política, mas reconhece que “há uma canalização de energias dos vereadores” para investigar as denúncias. “Um terço da Câmara está envolvido nas investigações, apurando os fatos”, afirmou.


Fonte: Jornal de Londrina