12 mil dias parados em um mês


Dos 7.491 servidores municipais de Londrina, 1.483 apresentaram atestados médicos para tratar da saúde e por isso ficaram parados, no total, 11.015 dias em abril deste ano. Mas a situação não fica por aí: outros 311 servidores ficaram o equivalente a 1.112 dias de trabalho parados no mesmo mês para acompanhar o tratamento médico de algum familiar.

Somando tudo, 1.794 servidores pararam pelo equivalente 12.127 dias ou 33,2 anos. Se todos ganhassem o remuneração de um professor municipal com jornada de 4 horas diárias (o equivalente a R$ 53,33 por dia), a prefeitura pode ter pagado pelo menos R$ 646 mil por esses dias não trabalhados. Os números foram entregues pela administração municipal à Câmara Municipal, em resposta a pedido de informações de autoria do vereador Joel Garcia (PP).

Existem outras possibilidades de interpretação para esses números: eles mostram que 23,94% da força de trabalho da prefeitura tiveram que se licenciar durante o mês para cuidar da sua saúde ou da de algum familiar. As duas secretarias em que mais se pediu afastamento foram a Educação e a Saúde, exatamente as que têm os maiores contingentes de servidores. Foram 4.294 dias parados na Educação em abril, contra 4.458 na saúde.

O levantamento, que começa em janeiro de 2009 e acaba em abril deste ano, também mostra que apesar dos números elevados, abril não foi o mês campeão do tratamento de saúde. As maiores marcas foram atingidas em agosto de 2010 (13.760) e abril do mesmo ano (13.678). Há um agravante: nesses meses, a Prefeitura tinha mil servidores a menos do que tem hoje.

No gabinete do prefeito, ocorreram picos entre janeiro e março de 2009, durante o mandato de José Roque Neto (PR) como prefeito interino, com 24, 31 e 33 dias parados para tratamento de saúde, respectivamente e entre agosto e novembro de 2010, com 56, 34, 32 e 31 dias, respectivamente.

Garcia afirmou que os números são “preocupantes”. Ele declarou que pretende pedir novas informações para identificar as causas de tantas paralisações do funcionalismo para cuidar da saúde. “Vou fazer outros questionamentos e chamar o secretário de Gestão Pública para saber o que ele está fazendo [para enfrentar esse volume de atestados]”, declarou o vereador.

Garcia ponderou que a maior incidência de atestados na Educação e na Saúde pode ser reflexo da natureza do trabalho nessas duas áreas. Ele cogitou apresentar uma emenda ao orçamento da Prefeitura para 2013 colocando microfones e caixas de som para preservar a garganta dos professores e uma melhor fiscalização quanto a se os servidores da saúde estão com a vacinação em dia, já que estão expostos ao contato diário com doentes.

Relativizar
Procurado pelo JL, o secretário Fábio Reali, da Gestão Pública, afirmou que o número de afastamentos por atestado precisa ser relativizado, porque ele inclui licença maternidade e licenças médicas mais prolongadas. Segundo o secretário, para relativizar o número, é preciso comparar a quantidade de atestados com o de dias trabalhados pelos servidores num mês – juntos, 7.491 servidores trabalham o equivalente a 224.730 dias por mês, pelos cálculos do secretário.

Ainda assim, Reali afirmou que o volume de atestados preocupa a administração municipal. “Essa situação me preocupa porque o que é direito se torna privilégio se não for bem usufruído”, afirmou o secretário. Para ele, eventuais excessos criam “um ambiente negativo no local de trabalho e com a sociedade”.

Reali afirmou que para enfrentar o problema a atual administração estabeleceu que servidores que apresentam atestados superiores a três dias são submetidos a perícia médica, com o objetivo de evitar abusos.

Fonte: Jornal de Londrina