Saúde e Educação lideram afastamentos com atestados


As Secretarias de Saúde e de Educação, as duas maiores estruturas da administração municipal de Londrina são também as responsáveis pela maior quantidade de atestados e dias parados para tratamento médico feito por servidores na cidade. Juntas, as duas secretarias respondem por 8.752 faltas justificadas por atestados, nada menos que 79,45% das faltas de abril deste ano, segundo resposta feita a pedido de informações de autoria do vereador Joel Garcia (PP). O levantamento mostra que 23,94% da força de trabalho da Prefeitura faltaram ao trabalho em abril deste ano, seja para fazer tratamento médico, seja para acompanhar familiares em tratamento.

Para a secretária da Educação, Virginia Pelisson Laço, a incorporação do Produt – adicional por produtividade que era pago aos professores e foi incorporado ao salário no ano passado – ajuda a explicar o aumento de dias afastados na Secretaria. Esse adicional era atrelado à assiduidade dos servidores – ganhava quem tivesse até três dias de atestado por mês. Ironicamente, os 4.294 dias parados na educação em abril deste ano, foram menores que em 2011 (4.442), 2010 (4.973) e 2009 (4.641).

“Concordo de que tem profissionais que exageram, numa gama de mais de 3 mil professores. Mas temos muitos professores comprometidos, que só faltam quando estão doentes, por uma necessidade real”, ponderou a secretária, lembrando que educar “é uma atividade desgastante”. Segundo ela, isso também ajuda a explicar o alto número de afastamentos.

Sobre a tese defendida por Joel Garcia, de que a colocação de microfones e caixas de som em salas de aula para poupar a garganta dos professores – os problemas de garganta são uma fonte importante de doenças ocupacionais dessa categoria, embora não existam estatísticas oficiais sobre isso –, só poderia ser avaliada a partir de um “projeto piloto”. Com relação à estrutura física das escolas, Virgínia Laço avalia que a situação é tranquila.

Saúde 
O secretário de Saúde, Edson de Souza, foi procurado várias vezes pelo JL durante a tarde de ontem. De acordo com a assessoria, Souza estava numa reunião do Conselho Municipal de Saúde, o que o ocupou durante toda a tarde. Com 4.458 dias parados em abril, a Saúde foi a pasta que mais teve afastamentos nesse período. Os números, porém, já foram maiores. Desde agosto do ano passado, quando bateu em 5.038 dias parados, a Saúde está abaixo dos 5 mil.

Para o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Londrina (Sindserv), o grande volume de atestados apresentados por servidores municipais para tratamento médico é reflexo de “sucateamento, arrocho salarial e falta de condições de trabalho”. “Se um caminhão foi feito para carregar 10 toneladas e começa a carregar 14, ele aguenta, mas uma hora ele quebra, a vida útil dele diminui”, comparou Marcelo Urbaneja, presidente da entidade.

Segundo ele, “é isso que aconteceu com o servidor público em Londrina”, onde há uma “massa de 80% a 85% [dos servidores que está] sobrecarregada”. Conforme Urbaneja, o arrocho salarial dos 8 anos de Nedson Micheleti (PT) forçou os servidores a fazer horas extras, aumentando a carga de trabalho. Com relação aos problemas de estrutura, ele citou como exemplo servidores que trabalham na rua e não têm acesso a banheiros e até mesmo os que estão lotados na usina de asfalto da prefeitura, onde segundo Urbaneja, também não há banheiro. “Queremos que o debate [sobre os atestados médicos] aconteça, pois no bojo desse debate vão aparecer as reais condições de trabalho do servidor”, completou.

Outro argumento do Sindserv para comprovar a tese do sucateamento é que cidades como Joinville e Maringá têm mais servidores que Londrina. Joinville tem 512.288 habitantes e 11.210 servidores; Maringá tem 357.077 mil habitantes e 8.533 servidores e Londrina, 506.701 habitantes e 8.200 servidores, segundo levantamento feito pelo Sindserv.

O Sindserv leva em conta todos os cargos disponíveis na estrutura municipal – alguns deles preenchidos com artifícios.omo a carga suplementar os professores. Segundo esse cálculo, a Prefeitura tem 3.200 professores trabalhando por 3.600 (400 trabalham com carga suplementar). A Prefeitura informou 7.491 servidores – números de abril. 

Fonte: Jornal de Londrina