Lista de Caldarelli: juiz condena ex-vereadores à prisão


Renato Araújo foi considerado mentor do crime; Entre os condenados, três são candidatos em outubro

O juiz da 3 Vara Criminal de Londrina, Katsujo Nakadomari, condenou sete ex-vereadores da legislatura de 2005 a 2008 a penas superiores a nove anos de reclusão pelos crimes de concussão (quando o agente público se utiliza do cargo para obter vantagem indevida), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A sentença, publicada ontem, é contra Flávio Vedoato, Gláudio Renato de Lima, Henrique Barros, Jamil Janene, Luiz Carlos Tamarozzi, Renato Araújo e Sidney de Souza. A exceção de Araújo, condenado a 10 anos e 10 meses de cadeia, todos os outros tiveram pena de 9 anos e 10 meses, em regime fechado. 

O ex-vereador Orlando Bonilha, por ser réu colaborador, teve a pena diminuída para quatro anos e dois meses; e Julio Cesar de Lima Romagnolli, assessor parlamentar de Osvaldo Bergamim, foi condenado a 6 anos, já que não foi acusado de concussão. Bergamim, falecido, também foi denunciado pelo Ministério Público (MP) do Paraná. Entre os condenados, três, Janene, Tamarozzi e Sidney de Souza, são candidatos nas próximas eleições. 

Segundo a denúncia, os parlamentares teriam agido em conluio para aprovação de projeto de lei que autorizava o município doar um terreno no Jardim Bela Suiça ao empresário Ângelo Marcelo Caldarelli. De acordo com o MP, Renato Araújo, que havia sido procurado pelo empresário para tratar da tramitação da matéria, disse ao empresário que ''alguns vereadores não votariam a favor caso não houvesse o pagamento de valores em dinheiro a cada um deles''. Araújo foi considerado pelo juiz o mentor do crime. 

O ex-vereador teria apresentado uma lista, com o nome dos parlamentares, com os valores que cada um queria para aprovar a matéria. De acordo com a denúncia, após o acerto sobre o pagamento da propina, Bonilha, na condição de presidente da Câmara, providenciou a tramitação do projeto em urgência e, após segunda votação, foi editada a lei 9.898/2006, mais tarde sancionada pelo próprio Bonilha, quando chefiou o Executivo interinamente. O dinheiro foi depositado na conta de Romangnolli ''visando não causar desconfiança em eventual quebra de sigilo''. 

O advogado Fernando Boberg, que defende Renato Araújo, considerou ''absurda'' a pena de seu cliente. ''É um absurdo porque uma pena como essa é aplicável ao crime de homicídio qualificado e não a um crime sem violência, como é um caso'', afirmou, acrescentando que irá recorrer ao Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná. ''Se a sentença não for anulada, certamente será reformada com uma pena menor.'' 

Dely Dias da Neves, defensor de Jamil Janene, Sidney de Souza e Luiz Carlos Tamarozzi, também vai recorrer. ''É engraçado porque meus clientes foram absolvidos na esfera cível. O juiz entendeu que não havia provas'', comentou. O advogado se refere a uma decisão de julho do ano passado proferida pelo juiz da 1 Vara Cível, Bruno Pegoraro, em ação de improbidade administrativa que condenou apenas Araújo, Bergamim e Romagnolli. O advogado de Henrique Barros usou o mesmo argumento. ''Meu cliente foi absolvido naquela ação. Vou recorrer.'' Os advogados de Bonilha, Gláudio, Flávio Vedoato e de Júlio Romagnoli não foram localizados ontem. 

O promotor Cláudio Esteves, um dos autores da ação, salientou que os ''juízos são independentes'' e que o Ministério Público recorreu daquela absolvição. Quando à sentença, ele avaliou positivamente as penas. ''A pena guarda correlação com a realidade dos fatos.''

Fonte: Folha de Londrina