Especialistas do Ministério da Saúde apontam verdades e mitos sobre a doença, principalmente com relação às refeições
Existem muitas lendas sobre o diabetes, a maioria relacionada a alimentos. Doença em que o nível de glicose no sangue (glicemia), chamado popularmente de taxa de açúcar, é mais alto que o considerado normal, o diabetes tipo 1, é causado pela falta de insulina. A insulina é o hormônio que atua na absorção de glicose pela célula. Já o tipo 2, mais comum, é uma insuficiência não na quantidade de insulina, mas na ação do hormônio, que não consegue produzir seus efeitos em função de fatores metabólicos, especialmente o excesso de peso, e pode ser agravado por outros fatores de risco como o sedentarismo e o hábito de fumar.
Confira os mitos e verdades apontados pela médica de família e comunidade e coordenadora geral de Áreas Técnicas do Departamento de Atenção Básica, Patricia Sampaio Chueiri, e pela nutricionista do Departamento de Atenção Básica, Mariana Pinheiro.
- Quem come muito açúcar terá diabetes?
Mito. O diabetes não é causado pela ingestão excessiva de açúcar; tem relação com o excesso de peso, que em parte está relacionado ao consumo de alimentos não saudáveis, especialmente aqueles ricos em açúcares. Mas não significa que o consumo excessivo de açúcar vá levar ao diabetes.
- Meu pai é diabético, portanto, eu também serei?
Mito. O diabetes não é um problema genético.
- Se a mãe teve diabetes na gravidez, a criança vai nascer diabética?
Mito. A criança pode nascer com excesso de peso, o que poderá ocasionar complicações em curto e longo prazos. Mas o fato de a mãe ser diabética não implica o filho nascer com a mesma doença.
- Frutos do mar ajudam a combater a diabetes?
Mito. A ideia é que uma dieta rica em ácido graxos insaturados, presentes em
alimentos como azeites e peixes, pode reduzir o risco de desenvolver o diabetes, melhorar o perfil lipídico e aumentar a sensibilidade à insulina. A relação entre esses benefícios e o consumo de frutos do mar não está bem estabelecida na literatura.
- Especiarias (como a canela) ajudam a controlar a glicose no sangue?
Mito. Em pesquisas com ratos, a utilização de extrato de canela promoveu a redução da glicemia e melhoria dos índices do colesterol bom (HDL-colesterol). Entretanto, em seres humanos, os resultados das pesquisas são contraditórios.
- Diabético pode consumir mel, açúcar mascavo sem restrições?
Mito. Apesar de naturais (não serem submetidos a etapas de processamento como o açúcar de mesa), esses alimentos são ricos em açúcar do tipo sacarose, que precisa ser evitado para o cuidado do diabetes. Apesar das recomendações internacionais permitirem o consumo de quantidades pequenas deste açúcar para pessoas com diabetes, é difícil controlar a quantidade ingerida diariamente sem que haja descontrole glicêmico.
- Alguns alimentos ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue?
Verdade. Alimentos com índice glicêmico baixo reduzem a absorção da glicose no sangue e, portanto, não provocam picos glicêmicos. Quando esse índice é elevado, a absorção de glicose é rápida, o que provoca pico de glicemia num curto período de tempo. Alimentos ricos em fibras, como algumas frutas, verduras e cereais, têm baixo índice glicêmico e podem auxiliar no controle dos níveis de glicose no sangue.
- O consumo de frutas está liberado para quem tem diabetes?
Mito. O açúcar está presente em vários alimentos, inclusive em frutas, na forma de frutose. Apesar de apresentarem baixo índice glicêmico e alto teor de fibras, o consumo do açúcar presente em frutas não tem o mesmo efeito que o açúcar de mesa. Mas não podemos dizer que podemos consumir frutas à vontade. O melhor é dar preferência por consumi-las como sobremesa após as refeições ou acompanhadas com leite, aveia, linhaça, granola diet.
- Sou diabético, por isso sou frágil para me exercitar?
Mito. De maneira geral, a prática regular de atividades físicas faz parte do
cuidado do diabetes. Algumas pessoas, entretanto, precisam tomar mais cuidado, respeitando contra-indicações, se houver. Mas a maioria das pessoas com diabetes não apresenta fragilidades para praticar atividades físicas.
- Dá para evitar a insulina se você não ingere carboidratos?
Mito. Não necessariamente. No diabetes tipo 1, é necessária a aplicação de insulina diariamente, já que o pâncreas não produz mais este hormônio. No tratamento do diabetes tipo 2, podem ser usados tanto a insulina como hipoglicemiantes orais. A utilização destes medicamentos depende de prescrição médica e do nível de glicemia do indivíduo, determinado em parte pelo consumo de carboidratos.
- Diabetes tipo 1 é mais grave que o tipo 2?
Mito. É difícil comparar em termos de gravidade. São doenças diferentes, apesar de apresentarem sinais e sintomas parecidos. Mas como em geral os diabéticos tipo 1 convivem mais tempo com a doença, há maiores chances de lesionar um órgão. Mas quem tem diabetes tipo 2 e não se cuida pode ter lesões igualmente ou mais graves.
Fonte: Folha de Londrina