Prefeito de Londrina confessa ao Gaeco o recebimento de propina de R$ 150 mil


O prefeito de Londrina, José Joaquim Ribeiro (PSC), confessou o recebimento de propina em um testemunho ao Ministério Público, no Fórum, na última segunda-feira (3). Ele teria recebido R$ 150 mil de empresários suspeitos de fraude na compra de uniformes escolares.

O fato foi confirmado pelo promotor de Defesa do Patrimônio Público, Renato de Lima Castro, na tarde desta quarta-feira (5). Nesta data, Ribeiro seria ouvido novamente, mas enviou seu advogado para tentar anular a manifestação anterior, justificando que estava sem a presença de um assessor jurídico.

"As declarações dele foram gravadas, ele foi absolutamento cordial, ele foi muito espontâneo, contou bastante detalhes", disse o promotor à rádio Paiquerê AM. O dinheiro teria sido dividido em três partes iguais entre ele, o prefeito cassado, Barbosa Neto (PDT), e o ex-secretário municipal de Fazenda, Lindomar Mota dos Santos.

Segundo o promotor, a declaração de Ribeiro corrobora com as demais provas e depoimentos colhidos ao longo da investigação. O prefeito de Londrina teria dito que os recursos foram entregues em quatro ocasiões, em locais diferentes, entre eles sua casa e seu escritório.

O dinheiro seria utilizado para caixa de campanha eleitoral, mas Castro não informou quem seria o candidato beneficiado. O promotor de Justiça ficou surpreso com a tentativa de José Joaquim Ribeiro de invalidar o testemunho, através de seu advogado.

"Essa negativa não deve ser olhada com bons olhos pelo poder judiciário porque ele declarou com bastante espontaneidade na frente de três promotores, de um delegado de polícia e várias testemunhas", disse à rádio Paiquerê AM.

A reportagem de odiario.com tentou contato com o prefeito, mas a assessoria de imprensa informou que ainda não havia um posicionamento oficial sobre uma possível manifestação até às 18h15.

Indiciamento

Após ter informado o conteúdo do depoimento do prefeito de Londrina, o Gaeco também divulgou a finalização do inquérito que apurou supostas fraudes na compra de uniformes escolares. O delegado Alan Flore declarou que indiciará formalmente 14 pessoas e enviará o processo ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).

José Joaquim Ribeiro e Barbosa Neto devem ser indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato e corrupção passiva. Outros agentes públicos deverão responder judicialmente, como a ex-secretária municipal de Educação, Karin Sabec Viana.

As 14 pessoas apontadas devem ir Gaeco até esta quinta-feira (6) para qualificação e vida pregressa, segundo informações da rádio Paiquerê AM. O delegado não adiantou quais medidas deve tomar, como o pedido de possível afastamento do prefeito.

Tentativa de anulação

O advogado do prefeito de Londrina, Paulo Nolasco, pediu a invalidação do depoimento dado por José Joaquim Ribeiro ao Ministério Público. O requerimento foi entregue ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na tarde desta quarta-feira (5).

Paulo Nolasco negou que o chefe do Executivo tenha feito afirmações que lhe incriminariam. "O problema é o seguinte, você vai questionar uma pessoa sobre qualquer coisa, você tem que dizer que ela tem o direito de estar acompanhada de um advogado. Evidentemente que é um depoimento nulo de pleno direito", disse ao portal odiario.com.

Segundo o advogado, o prefeito está disponível para todos os esclarecimentos, mas quer ser ouvido novamente para um depoimento formal com seu assessor jurídico. "Eu falei ao prefeito 'o senhor está no olho do furacão de uma cidade problemática'. Evidentemente que ele falou nas maior das boas intenções. O que eu fiz hoje foi simplesmente protocolar um pedido bem educado para que o prefeito seja ouvida novamente", colocou.

Barbosa Neto

O ex-prefeito Barbosa Neto chegou ao Gaeco por volta das 17h30. Após conversar com os promotores e o delegado Alan Flore, negou que teria recebido propina e declarou que a afirmação de Ribeiro é mais uma tentativa de derrubá-lo. 

Fonte: londrina.odiario.com