Defesa quer manter delação premiada


O prefeito José Joaquim Ribeiro (sem partido) não deve recuar da intenção de fazer a delação premiada nas investigações sobre os kits escolares. A primeira sinalização de que Ribeiro pretende colaborar foram as entrevistas concedidas na terça-feira, nas quais ele não recuou do que havia dito ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) uma semana antes. A dúvida sobre se Ribeiro manteria as declarações surgiu depois que o advogado Paulo Nolasco, contratado para defendê-lo, concedeu entrevista coletiva questionando a legalidade do depoimento, ao qual o prefeito compareceu sem advogado.

Ontem Nolasco confirmou a intenção do seu cliente de continuar colaborando com as investigações. “Na verdade, ao contrário do que estão apregoando, desde aquele comparecimento dele lá no Ministério Público ele já teve franqueada essa possibilidade, foi ouvido como incurso nessa situação de delação premiada”, afirmou o advogado. Terça-feira, em entrevista ao JL, Ribeiro disse que a manutenção da intenção de colaborar com as investigações dependeria de uma decisão do seu advogado, que está preparando a linha de defesa. “Requeremos dele ser ouvido novamente, aguardamos o andamento que o MP vai dar das coisas se o MP abrir novamente será mantida essa linha. Será novamente nessa condição, em juízo também”, explicou Nolasco. “A tendência é manter esse canal”, completou.

A contribuição, porém, deve se restringir ao caso dos kits escolares, já que Ribeiro não admite ter participado de outras situações que envolvessem irregularidades. Nolasco afirmou que mesmo no caso da propina paga pelos empresários que venderam os kits escolares, Ribeiro foi portador do dinheiro, mas não ficou com ele.

O promotor Cláudio Esteves, coordenador do Gaeco em Londrina, admitiu que “a possibilidade [de retomada do acordo de delação premiada] existe”, mas lembrou que “ele se ausentou do segundo encontro” para um novo depoimento. “Foi uma postura que se iniciou, mas que se interrompeu com esse recuo dele de se ausentar e de inclusive fustigar as declarações que prestou”, afirmou Esteves. De acordo com o promotor, “a partir do momento que ele [Ribeiro] não vai ao segundo ato, cuja data foi fixada por ele, revela uma interrupção desse processo, que pode vir a ser retomado”.

O promotor ressaltou que havia a necessidade de um segundo depoimento para complementar “numa nova inquirição que fosse mais abrangente e mais esclarecedora”.

Inquérito 
O MP está desde terça-feira com o inquérito dos kits escolares e com isso já corre o prazo para que os promotores se manifestem a respeito do assunto. A manifestação pode ser o arquivamento ou a apresentação de uma denúncia contra os 14 indiciados – o ex-prefeito Barbosa Neto (PDT) e o atual, José Joaquim Ribeiro (sem partido), além de agentes públicos e de pessoas ligadas às empresas que forneceram os kits. O prazo para a manifestação do MP vence no sábado – são cinco dias –, mas como não é dia útil, essa manifestação deve acontecer no máximo na segunda-feira.

Culto ecumênico e velório
Ontem, no segundo dia de vigília em frente ao prédio da Prefeitura, manifestantes do movimento “Por Amor a Londrina”, que pede a renúncia do prefeito José Joaquim Ribeiro (PSC), estavam pregando cruzes no jardim localizado em frente ao prédio do Executivo. De acordo com Fernando Alfradique Scanferla, a programação da vigília para hoje prevê um culto ecumênico para as 11h30 e um “velório simbólico” para as 17h30. O objetivo é aumentar a pressão para que Ribeiro renuncie. O acampamento deve ser mantido nos próximos dias.

Fonte: Jornal de Londrina