As apostas de Marcelo Belinati


Candidato do PP incrementa o discurso de gestão técnica com "sensibilidade social" para tentar se diferenciar do adversário e chegar à Prefeitura de Londrina

Depois de ficar perto de fechar a eleição no primeiro turno (ele obteve 45% dos votos válidos), Marcelo Belinati (PP) tenta agora conquistar os eleitores que faltaram para que ele fosse conduzido ao cargo de prefeito já no começo do mês. Para buscar esses votos, o candidato do PP aposta no discurso de que conseguirá fazer uma gestão ao mesmo “técnica” e com “sensibilidade social”. O discurso da “sensibilidade social”, por sinal, tem sido uma tentativa de se diferenciar do adversário nessa disputa. No caso da saúde, por exemplo, Marcelo Belinati acredita que sua experiência de 12 anos de trabalho no setor podem colaborar de forma decisiva para a resolução dos problemas. Com 14 partidos o apoiando desde as convenções e mais dois que aderiram no decorrer da campanha, Marcelo Belinati afirmou que as alianças eleitorais não se basearam na concessão de cargos aos aliados e reforçou que não existe nenhum acordo nesse sentido. Mas o candidato não descartou a presença dos aliados no governo: “existem técnicos competentes que têm militância política partidária”, afirmou.

"Meu compromisso é com Londrina"

JL – A que o senhor atribui a sua ida para o segundo turno? 
Marcelo Belinati – Eu penso que é um conjunto de fatores. A minha história de vida particular, a minha história de vida profissional, a minha história na vida pública e detalhando eu sou pai de família, casado com a Carla, pai do Nicolas e da Valesca. Eu sou médico formado pela UEL, sou pós-graduado em ortopedia e traumatologia pelo HU, pós-graduado em auditoria e gestão em saúde pela Fundação Unimed. Sou formado em direito pela UEL com aprovação na OAB. Estou há oito anos na vida pública, tenho mais de 500 projetos de lei na Câmara e nesses oito anos uma postura totalmente coerente em defesa dos interesses da população de londrina. Sou 100% ficha limpa. Sou um trabalhador da saúde. Mesmo eleito vereador, continuei trabalhando como médico na saúde publica. Fizemos um plano de governo fundamentado em questões técnicas, mas com uma visão humana e penso que esse conjunto de coisas nos levaram ao segundo turno, um verdadeiro projeto de mudança e transformação para a cidade.

JL – No horário eleitoral gratuito de quarta-feira, o senhor disse que o problema da saúde será resolvido com “gestão, com administração”. Disse ainda que “com gestão técnica e inovadora vamos levar eficiência para o sistema e aplicar corretamente os recursos de Londrina”. O seu adversário disse que “é necessária a reforma administrativa que garante a eficiência”. E que é necessário fazer um “conjunto de intervenções que garante mais eficiência e a busca de mais recursos”. Com discursos tão parecidos, o que o diferencia do seu adversário? 
Marcelo – Porque eu sou um trabalhador da saúde, eu trabalho na área, na rede pública, na rede particular como medico há 12 anos e conheço com profundidade a área de saúde, conheço de perto. Além disso, também pela minha formação jurídica, por ser formado m direito, isso me dá uma visão de como administrar seguindo todos os trâmites legais. E acima de tudo, o que me dá certeza de que vamos melhorar a saúde é que além de ser um profissional da área, eu tenho muita sensibilidade em relação às questões sociais. No meu ponto de vista, o ser humano tem que vir sempre em primeiro lugar. Vamos fazer uma gestão técnica com competência, mas dentro de uma visão humanista.


JL – O senhor é apoiado por uma coligação que conta com 14 partidos. Como o senhor pretende encaixar esses 14 partidos na Prefeitura de Londrina caso o senhor seja eleito? 
Marcelo – Eu não tenho compromisso em relação a cargos com partidos, ou pessoas. Meu compromisso é com Londrina. Essa composição partidária foi baseada num projeto de governo, de transformação da cidade. A minha visão é que nós precisamos unir Londrina, todos os segmentos políticos porque é importante para conseguir os recursos necessários para melhorar a saúde, a segurança a educação e o desenvolvimento econômico. Mas acima de tudo é importante unir a cidade, a sociedade civil organizada, entidades, igreja, população, segmentos políticos, sim. Para que possamos realizar esse projeto de mudança e transformação de Londrina.

JL – O senhor acredita que os partidos que o apoiaram, dando um terço do tempo de televisão no primeiro turno não vão cobrar esse apoio na forma de cargos? 
Marcelo – A presidente Dilma [Rousseff], até numa postura diversa da do ex-presidente Lula. Ela tem atitudes e ações que as diferencia, ela governa com uma base de 18 partidos. O governador Beto Richa também governa com uma base ampla de apoio, diversos partidos. Eu penso que é importante para a cidade ter o apoio dos deputados federais, dos deputados estaduais, do governo estadual e federal, mas baseado em objetivos comuns como o bem da nossa cidade. Em relação à questão de cargos, existem também pessoas sérias, técnicos competentes que têm militância política partidária. Você também não pode generalizar e dizer. A boa política também é feita e através dela temos condições de transformar Londrina. Temos uma aliança baseada no plano de governo, no projeto de um futuro para a cidade. Não existe a questão de compromisso em relação a cargos.

JL – Quando o aumento dos salários dos vereadores foi votado na Câmara, o Executivo argumentou que era necessário aumentar também os salários de prefeito, vice e secretários. A alegação era de que sem salários maiores que os R$ 6 mil atuais para secretários seria difícil conseguir contratar secretários técnicos. Ocorre que um aumento nos salários do prefeito poderia abalar ainda mais o caixa da prefeitura, o que fortalece o discurso pela manutenção dos atuais salários. O senhor tem dito que vai montar um secretariado técnico. É possível montar um secretariado técnico com esse salário que é criticado pelo meio político? 
Marcelo – Primeiro eu gostaria de lembrar que eu votei contra o aumento salarial dos vereadores por entender que não era o momento para aquela discussão. E é possível sim. Londrina tem passado por diversos tipos de problema há muitos anos e tem muita gente da nossa sociedade querendo contribuir para esse grande projeto de mudança e transformação. Eu penso ser possível e nós vamos pedir aos nossos meios acadêmicos, à sociedade civil organizada, às nossas entidades, às nossas igrejas, apoio para administração e que também possam nos indicar pessoas com perfil que eu penso ser o ideal para o secretário. Ele tem quer ser técnico, com competência administrativa comprovada, mas que tenha sensibilidade humana e social.


JL – Aumentar o salário do prefeito não será necessário? 
Marcelo – Essa análise cabe à Câmara. Eu penso que não é necessário e essa incumbência é da Câmara.

JL – Nas três vezes que administrou a cidade o belinatismo que é o seu grupo político, pegou a prefeitura mais ou menos organizada financeiramente e deixou as contas públicas em condições precárias, a prefeitura quebrada. O senhor acredita que pegando a prefeitura quebrada, como está hoje, consegue reorganizar as contas públicas? 
Marcelo – Claro que vamos. Não tenha dúvida disso. Volto a dizer: com uma equipe técnica, competente, com eficiência administrativa, e com sensibilidade social, essa vai ser a grande marca da nossa administração. Londrina é uma cidade das melhores cidades do Brasil, precisa apenas de algumas correções de rumo. Com organização, com planejamento, com metas estabelecidas, e com objetivos claros, vamos fazer uma administração inovadora, do ponto de vista administrativo. E do ponto de vista social.

JL – O senhor tem se apresentado como “cara nova” na política, mas pertence a um grupo político que administrou a cidade três vezes. O que justifica o rótulo de novidade que o senhor tem usado? 
Marcelo – Primeiro que eu não sou político profissional, sou um trabalhador da saúde, quem me conhece sabe que eu continuo trabalhando muito como médico. Eu tenho 41 anos, tenho formação sou médico formado em direito, duas pós-graduações, tenho princípios, oito anos de vida pública, irretocáveis do ponto de vista ético, de seriedade e de coerência. E a minha prática, tanto na vida pessoal quanto na vida pública, sempre foi pautada nesses princípios. E assim que eu vou conduzir a gestão para fazer uma administração diferente, aproveitando todos os potenciais para que Londrina cresça e se desenvolva.


JL – As secretarias de saúde, educação, gestão pública e fazenda são o coração da administração pública em londrina. o senhor tem nomes ou divulgaria algum dos nomes que o senhor pretende indicar para essas secretarias? 
Marcelo – Olha, nós ainda não temos esses nomes. Mas o perfil nós já temos. Tem que ser novo, no sentido de não ter ocupado esses cargos que sejam pessoas técnicas, competentes. É o perfil que eu desejo, que tenham competência administrativa comprovada, que tenham um bom relacionamento com os servidores públicos, porque todos nós vamos formar uma equipe. Não que seja uma obrigação, mas até para vir com um novo ânimo.

Fonte: Jornal de Londrina