Ex-prefeito de Londrina, Barbosa Neto, é indiciado pelo Gaeco por desvios de mais de R$ 1,7 milhão


O ex-prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto (PDT), cassado em julho deste ano, foi indiciado na última sexta-feira (14) em dois procedimentos e investigação do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado. Os casos são de desvio de dinheiro público, na ordem de mais de R$ 1,7 milhão, na compra de livros e também no aditivo concedido à empresa Proguarda, que presta serviços de limpeza em prédios públicos no município.

O indiciamento foi feito na última semana, mas só se tornou público nesta segunda-feira (17). De acordo com o delegado do Gaeco, Alan Flore, o primeiro procedimento trata da apuração de um reequilíbrio financeiro solicitado pela empresa Proguarda no valor de R$ 1.143.817,05.

Ele comentou que os fundamentos utilizados para o pedido do aditivo seriam inexistentes e que dentro da diretoria de Gestão e Contratos da Prefeitura de Londrina, dois servidores teriam identificado a irregularidade e alertado seus superiores.

No entanto, o parecer não teria sido anexado aos documentos encaminhados para análise da procuradoria Jurídica do Município devido determinação do então secretário municipal de Gestão Pública, Marco Cito. O delegado do Gaeco ainda explicou que na Procuradoria Jurídica foi constatada a falta de documentos para aprovação do aditivo.

Os documentos só foram encaminhados para apreciação assim que o novo ocupante do procuradoria jurídica, Fidélis Canguçu, assumiu. Flore explicou que o Gaeco não conseguiu apontar se o montante foi distribuído entre os envolvidos na ação, mas é possível afirmar que o desvio de recursos ocorreu, no intuito de "saquear os cofres públicos".

Barbosa Neto, os ex-secretários municipais Marco Cito e Fidélis Canguçu, a diretora de Gestão, Licitações e Contratos da prefeitura, Elisangêla Marceli, e outros dois funcionários da administração foram indiciados por peculato.

Os representantes da empresa Proguarda, Alex de Paula Martins e Marcelo Macedo da Fonseca também foram indiciados por peculato e formação de quadrilha.

Livros didáticos

O Gaeco também finalizou o procedimento sobre a compra de 13 mil livros didáticos da coleção Vivenciando a Cultura Afro-Brasileira e Indígenada Editora Ética, da Bahia.

A aquisição do material foi feita por por R$ 621 mil através de inexibilidade de licitação. Barbosa Neto também foi indiciado por peculato, assim como seus ex-secretários municipais Marco Cito, Fábio Góes, Fidélis Canguçu e Karin Sabec. O representante da Editora Ética, Angelo Carvalho também foi responsabilizado.

De acordo com o delegado do Gaeco, Alan Flores, a própria secretária municipal de Educação da época, Karin Sabec, afirmou que teve que fazer o pedido da obra Vivenciando a Cultura Afro-Brasileira e Indígena após indicação do secretário Fábio Góes, que contava com a aprovação do parecer de Fidélis Canguçu.

Além disso, conforme pesquisa da auditoria do Ministério Público, livro de conteúdo semelhante ainda teria sido encontrado no mercado em valores de até R$ 28, sendo que o comprado pelo município custou R$ 46 a unidade. O delegado ainda apontou que o indiciamento tomou como base ainda a constatação que o conteúdo era inadequado, já que entidades negras de Londrina alegaram que os livros tinham teor racista e apontaram erros de Português.

Flore ainda ponderou que o município poderia ter adquirido livros parecidos através da parceria existente com a Fundação Roberto Marinho, mas não o fez.

Fonte: londrina.odiario.com