Servidores da Saúde serão remanejados


Servidores da Secretaria Municipal de Saúde serão surpreendidos nos próximos dias com um remanejamento de profissionais. As mudanças visam acabar com "buracos" nas escalas de médicos e dentistas dentro da rede de atenção básica de Londrina composta por 54 unidades básicas de saúde (UBS). 

A FOLHA constatou que em algumas unidades da região central há três dentistas enquanto em unidades da zona leste, nenhum. A UBS do União da Vitória, na zona sul e que funciona por 16 horas, tem apenas um médico clínico geral. 

Essas deficiências serão apontadas em relatórios solicitados aos nove diretores da autarquia pelo novo secretário de Saúde, Francisco Eugênio de Souza. Os documentos serão repassados nesta semana para ele. 

"Devo fazer isso num primeiro momento até que haja abertura de concurso público. Ninguém é estável, nem eu não sou estável, e o servidor tem que entender que quando fez concurso era para a rede como um todo e não para um posto específico. (O remanejamento) É a melhor forma de gerir o recurso humano até que haja nova contratação", explicou Souza. 

Os relatórios também vão apontar problemas de infraestrutura e quais investimentos necessários para cada área da secretaria. Os documentos devem ratificar que cerca de 80 dos 3,3 mil servidores da autarquia estão afastados do serviço por problemas médicos. 

Além desses, Souza tem que administrar outros problemas urgentes que impedem a prestação de um serviço digno à população. Quase metade da frota da secretaria está parada à espera de manutenção, inclusive os veículos do pessoal de Endemias que ajuda no combate à dengue. A maioria das ambulâncias dos Samu está quebrada. 

Procura espontânea 

A UBS do União da Vitória, onde o governo estadual implantou uma unidade pacificadora (UPS) com conceito de policiamento comunitário e que deve ter a contrapartida do município, estava semana passada sem nenhum medicamento para combate à hipertensão. O carro usado pela equipe do Programa Saúde da Família (PSF) estava encostado com problemas no freio. Sem veículos os funcionários não têm como atender moradores do Jardim Nova Esperança, vizinho ao União da Vitória. 

Problemas que refletem no descrédito da rede básica de saúde, razão pela qual muita gente deixa de procurar uma UBS e segue direto para hospitais públicos.A procura espontânea gera superlotação. Souza conviveu muito com isso quando gerenciava os hospitais Universitário (HU) e Anísio Figueiredo (HZN). No HZN a procura espontânea por atendimento era superior a 60%, conforme estudos do próprio hospital. 

"Esse problema nunca vai acabar, mas a gente pretende reduzir bem. Não posso partir no futuro para uma dedicação exclusiva da rede básica, mas temos que melhorar o atendimento básico e o PSF, isso gera promoção de saúde e diminui a quantidade de pessoas procurando hospital", disse. 

O secretário deve apresentar nos próximos dez dias a nova diretoria. Ele adiantou que busca profissionais com filosofia humanista. "Temos que trabalhar mais para quem mais precisa. A primeira obrigação é gostar de gente, tem que entender que quando não compra aquele medicamento alguém vai padecer por isso. Não importa onde esteja atuando, o servidor tem que estar preocupado com ser humano e isso que estou buscando", afirmou.

Fonte: Folha de Londrina