Na tentativa de resolver parte de um passivo trabalhista, que chega a aproximadamente R$ 2,7 bilhões e nos nove primeiros meses de 2012 rendeu despesas de R$ 530 milhões, o Banco do Brasil reformulou a estrutura de cargos e a jornada de trabalho. Funcionários terão de decidir se aceitam passar seus contratos de oito horas diárias para seis - uma mudança que acarretará perda de 16% na remuneração mensal dos trabalhadores. Não há estimativa, até o momento, de quanto as alterações vão gerar de economia para o banco, mas se prevê um desempenho financeiro melhor da instituição após essas mudanças.
As alterações ocorrem no momento em que o Palácio do Planalto tenta impulsionar ainda mais o crédito no paÃs e os bancos se veem obrigados a se tornar mais eficientes e reduzir os spreads (diferença entre o que a instituição paga para captar recursos e o que ela cobra para emprestar). A expectativa dos gestores da instituição é de que a nova estrutura de cargos, comissões e salários melhore o balanço do banco, que reduziu as margens de lucro no último ano para diminuir as taxas de juros cobradas em empréstimos e funcionamentos.
O BB é um dos últimos bancos públicos a acabar com a sétima e oitava hora dos trabalhadores. A Caixa Econômica Federal e o Banco de BrasÃlia (BRB) já haviam diminuÃdo a jornada no ano passado. Nessa ocasião, houve perda de salário. No BB, parte dos trabalhadores continuará a fazer oito horas diárias, porém, terão até amanhã para aderir ao novo plano de comissão, que exime o banco de pagar a sétima e oitava hora.
"Se fosse apenas a redução da carga e não do salário, seria razoável. Por isso, vamos continuar com as ações que temos contra o banco. Uma delas nós já vencemos", explicou Eduardo Araújo, diretor do Sindicato dos Bancários no DF.
Em nota, o banco informou que não é possÃvel divulgar ainda o impacto no balanço, porque está em perÃodo de silêncio, imposto pela proximidade da divulgação de resultados. Porém, informou que, em contraponto a redução de salário, em função do menor número de horas, houve elevação do valor da hora de trabalho. "No plano anunciado há aumento de 12% no valor da hora de trabalho para quem optar pela jornada de seis horas. Ou seja, não haverá desvalorização do salário, mas redução do número de horas trabalhadas a serem pagas", informou.
Uma segunda situação é para os trabalhadores que terão de migrar para carreiras de seis horas. Na prática, o contrato dos bancários já é com essa jornada, mas, em função das comissões, os trabalhadores fazem duas hora a mais por dia. Esses funcionários não têm prazo para aderir às seis horas, mas, caso não aceitem a mudança, ficarão em "cargos em extinção".
Fonte: Correio Brasiliense