Escola recebe extintores vencidos


Depois de denúncia do Conselho Municipal de Educação da condição precária das escolas municipais, a reportagem do JL esteve em três instituições de ensino, das 84 municipais, para averiguar as condições da estrutura física que abrigam os estudantes do ensino fundamental. Várias irregularidades foram encontradas. Em uma escola da área central, os extintores recebidos em dezembro chegaram com menos de um mês de prazo de validade.

A primeira escola a ser visitada foi a Arthur Thomas, na Rua Goiás, no centro da cidade. De acordo com o segundo tenente Rodrigo Manoel dos Santos do Corpo de Bombeiros, que acompanhou o JL apenas durante essa visita, a primeira irregularidade foi notada logo no corredor de entrada do prédio: a falta de luzes de emergência. O problema se repetiu por outros pontos da escola. “O correto é que as luzes de emergência estejam em todo o ambiente interno, a cada 15 metros”, explica o oficial.

Alguns extintores de incêndio estavam bem posicionados, mas um dos blocos do prédio não tinha nenhum equipamento. A validade dos extintores termina já no mês que vem. “A gente entende que exista uma burocracia no poder público, então o ideal é que os extintores venham para as escolas bem antes do fim da validade”, diz o tenente. A escola tem um bloco de salas cujo acesso se dá apenas por escadas, que, além de representarem um obstáculo para pessoas com dificuldade de locomoção, não apresentam corrimão nos dois lados do percurso, o que caracteriza um risco no caso de necessidade de evacuação rápida.

Na escola Maria Carmelita, no Jardim Europa, não havia extintores nos corredores, apenas a marcação dos locais onde deveriam estar pendurados. “Tiramos no período de férias porque já houve casos de roubo”, justificou uma das funcionárias. No almoxarifado, encontramos todos os extintores com o prazo de validade expirado em janeiro de 2013. Alguns ainda estavam encaixotados. “Recebemos os equipamentos da administração em dezembro”, explicaram os funcionários. Todas as salas tinham luzes de emergência, mas não os corredores. As portas da escola não permitiam vazão adequada no caso de necessidade de fuga e os botijões de gás estavam próximos ao refeitório dos estudantes, separados apenas por uma porta. Além disso, uma cerca danificada há um ano por conta da queda de uma arvore deixa o imóvel sujeito a furtos.

A situação mais grave é a da Escola Municipal Zumbi dos Palmares, antigo CAIC, na zona sul. Não há luzes de emergência em nenhuma sala e o único extintor de incêndio encontrado estava no setor administrativo. Em cada bloco em que são dividas as 20 salas de aulas tem um hidrante, mas todos estavam inutilizados, com a porta de acesso quebrada, sem mangueiras e bloqueados por mobiliário. A fiação elétrica estava exposta por todo o prédio - mal iluminado por conta de dezenas de lâmpadas queimadas. Nos corredores escuros, nem sinal de luzes de emergência. “Tiramos as luzes porque algumas foram roubadas”, disse uma funcionária. As salas mais novas da escola já foram reformadas pela segunda vez e mesmo assim têm janelas e portas quebradas por conta de atos de vandalismo.

Gargalos

A visita às escolas municipais foi supervisionada pela titular da recém-criada Diretoria de Estrutura Física da Secretaria Municipal de Educação, Carla Paiva. Segundo ela, a pasta foi criada para centralizar esforços na recuperação dos imóveis. Servidora municipal há cerca de 20 anos, Carla disse que a situação do ensino municipal foi agravada a partir de 2009, quando entrou em vigor uma norma federal que delega aos municípios a responsabilidade sobre o Ensino Fundamental I. “Antes governo municipal e estadual atendiam as crianças, hoje a Prefeitura tem que dar conta de tudo, por isso o gargalo”, disse. Outro fator que sobrecarrega o município é a inclusão de um ano a mais no ensino fundamental. “Agora, em vez de termos 1ª a 4ª série, a criança estuda do pré até o 5º ano”, justificou.

Fonte: Jornal de Londrina