Professores de duas creches filantrópicas de Londrina entraram em greve ontem pelo atraso no pagamento das férias. Perto de 270 crianças ficaram sem aulas. Problemas com a documentação dos Centros de Educação Infantil (CEI) resultaram em atraso dos repasses por parte da Secretaria Municipal de Educação, o que impediu a quitação junto aos empregados.
Os 18 funcionários da CEI Padre Boaventura, no Conjunto São Lourenço (zona sul), e os 21 da CEI Menino Jesus, na Vila Isabel (zona leste), ainda não receberam o saldo das férias de janeiro. Uma assembleia dos professores decidiu que o retorno ao trabalho irá acontecer somente quando houver o pagamento.
Ambas as instituições são mantidas pela Igreja do Evangelho Quadrangular, que alegou que um problema no site da prefeitura não permitiu a retirada de uma das certidões exigidas para liberação da verba.
"Conseguimos fazer uma certidão manual e esperamos que o dinheiro possa ser repassado amanhã (hoje)", explicou Jaqueline Pereira de Barros, gerente administrativa da mantenedora.
Cada creche tem a receber um repasse de R$ 17 mil. As despesas, porém, giram em torno de R$ 20 mil. "Esta será a primeira parcela do ano que vamos receber e não é suficiente para cobrir nosso custo", frisou a gerente. A entidade administra ainda outros três CEIs em Londrina.
A paralisação causou transtornos aos pais de alunos. A dona de casa Nadir Francisco de Oliveira, de 49 anos, moradora da Vila Isabel, passou o dia cuidando de três crianças da vizinhança. "As mães precisavam trabalhar e elas ficaram na minha casa. É uma situação difícil e todo mundo reclamou", declarou. "Ainda bem que a minha filha não trabalhou hoje, senão o meu neto teria que ficar comigo. Amanhã (hoje), se a creche não abrir, não sei o que vamos fazer", declarou Odete Castro Delfino, de 56 anos.
Para o diretor do Sindicato dos Professores das Escolares Particulares de Londrina (Sinpro), Diego Carvalho, a burocracia para liberação da verba é "grande, mas necessária", já que se trata de dinheiro público. Ele reconhece que os responsáveis pelas entidades filantrópicas precisam de treinamento para preparar a documentação.
Segundo o sindicato, 80% dos custos das CEIs são cobertos pelo dinheiro da prefeitura. A secretária municipal de Educação, Janet Thomas, ressaltou que poucas entidades têm problemas com documentação, mas que o órgão vai exigir o cumprimento da lei para os repasses financeiros. "A secretaria fornece orientação tanto na área pedagógica como na técnica. Estamos à disposição para auxiliar as entidades, mas não abriremos nenhuma exceção em relação a documentação", frisou.
Fonte: Folha de Londrina