Trabalhadores americanos denunciam Nissan por trabalho escravo


Sindicalistas americanos do UAW - United Auto Workers (Sindicato Internacional dos metalúrgicos do setor automobilístico dos Estados Unidos) estarão em São Paulo nessa terça-feira (12) para denunciar, em entrevista coletiva, o trabalho escravo, as práticas discriminatórias e antissindicais na fábrica da Nissan do Mississippi.
 
A entrevista será na sede da União Geral dos Trabalhadores – UGT às 10hs, na rua Aguiar de Barros, 144, Centro - SP, com a presença de dirigentes sindicais americanos e das Centrais brasileiras UGT, CUT e Força Sindical.

A Nissan, que tem como presidente mundial o brasileiro Carlos Ghosn, esta ampliando sua fábrica no Brasil para a montagem do Sentra, Tida e March. A montadora é acusada de aterrorizar os trabalhadores, pagar baixos salários e exibir um vídeo onde Carlos Ghosn faz ameaças aos trabalhadores e aterroriza os que são ligados a entidades sindicais.

O alerta dos metalúrgicos americanos, através das denuncias contra a Nissan, esta associada ao fato da montadora ter em seus projetos a ampliação da fábrica no Brasil, onde espera dobrar sua presença, superando concorrentes diretos como a Honda, por isso os trabalhadores americanos chamam a atenção da sociedade para o comportamento antissindical da Nissan. A denuncia é uma maneira eficaz de lutar contra a exploração dos trabalhadores, que já ocorre nos EUA e poderá, também, acontecer no Brasil.

A campanha “Mississippi Alliance for Fairness at Nissan (MAFFAN)”, que denuncia a violação dos direitos humanos dos metalúrgicos da unidade da fábrica japonesa Nissan, instalada na cidade de Canton, no Mississippi-EUA, atrai cada vez mais trabalhadores, sindicalistas, estudantes e líderes do parlamento no mundo todo.

A campanha tem como objetivo denunciar a intimidação e as ameaças da montadora Nissan para impedir os trabalhadores de se organizarem em um sindicato. A Nissan ameaça com demissão e até com o fechamento da fábrica. Isso sem falar das reuniões e encontros com grupos de trabalhadores cujo objetivo é apenas espalhar o medo.

Vários fatores contribuem para ampliar o clima de terror na montadora, entre eles: os trabalhadores não têm representação sindical, não têm negociação coletiva, os salários são baixos, as condições de trabalho ruins, metade do quadro de pessoal é temporário. O trabalhador não sabe quanto tempo ficará empregado, o que alimenta ainda mais a insegurança econômica da família na região.

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT, diz que para as Centrais sindicais brasileiras, a experiência de luta para diminuir a desigualdade social no Brasil pode ajudar os trabalhadores norte-americanos contra o trabalho escravo na Nissan e a conquistar direitos. Apesar da desigualdade que ainda persiste em nosso País, as Centrais reconhecem os avanços da luta do movimento sindical para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Já o presidente do Sindicato dos metalúrgicos de São Paulo diz que esta é uma luta conjunta. “Nenhum país conseguirá avanço isoladamente. É fundamental a soma de esforços e é para isto que estamos participando desta Aliança Global contra a Nissan. As empresas multinacionais têm cada vez mais poder. Suas estratégias são globais. Por isso os trabalhadores têm que estar unidos para lutar por seus direitos nestas grandes multinacionais”, sentencia.

Quem é UAW:

UAW – United Auto Workers, é um Sindicato Internacional que organiza os trabalhadores da indústria automotiva, aeroespacial e trabalhadores que fabricam implementos agrícola. É um dos maiores sindicatos e mais diversificados da América do Norte, com membros em praticamente todos os setores da economia.

O UAW tem mais de 390 mil trabalhadores filiados e mais de 600.000 membros aposentados nos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico.

Além de dirigentes da UAW, estarão presentes à entrevista coletiva à imprensa o presidente da UGT, Ricardo Patah, o presidente do Sindicato dos Metalurgicos de São Paulo, Miguel Torres e dirigentes da CUT.

FONTE: ugt