Depressão: uma epidemia mundial


O Brasil tem 193 milhões de habitantes, de acordo com o último Censo. Se você acha que é muita gente, saiba que o número de pessoas depressivas que existem no mundo é bem maior. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 340 milhões de pessoas sofrem de depressão - são quase dois "Brasis" de pessoas depressivas. 

O número de brasileiros que enfrenta a doença chega a 13 milhões. A OMS aponta a depressão como o 5º maior problema de saúde pública. Pesquisas indicam que a doença deve alcançar a segunda posição em 2020. O cenário da depressão no mundo fica ainda mais chocante quando nos deparamos com a informação de que a doença é responsável por 850 mil suicídios por ano e que apenas 25% das pessoas recebem o tratamento adequado. 

Apesar do número alto de depressivos, a desinformação ainda é grande. O médico psiquiatra Eduardo Prado explica que a depressão é uma doença de ordem multifatorial que tem relação com fatores genéticos e ambientais e provoca uma alteração neuroquímica no organismo. Ele acrescenta que 15% da população tem chance de ter depressão. "Se a mãe ou o pai for depressivo, a chance da pessoa ter o problema é de 30% e se ambos apresentarem a doença, a possibilidade salta para 60%", explica. 

Causas 

A influência familiar é importante, mas Prado esclarece que a genética não é o único fator que desencadeia a depressão e que perdas, frustrações e ansiedade são os principais gatilhos. Alguns desequilíbrios no organismo também contribuem para o aparecimento da depressão: hipotireoidismo, anemia, deficiência de algumas vitaminas e até a utilização de alguns medicamentos podem influenciar. 

O médico afirma que além de sofrer com a doença a pessoa que tem depressão sofre com o preconceito e é vista como fraca ou como alguém que não tem força de vontade. "Às vezes até o próprio paciente acredita nisso e não busca tratamento, o que leva a um comprometimento do quadro", alerta. 

A doença faz perder a vontade de lutar. Para o psiquiatra, o oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade. "O sintoma central da depressão é a perda do prazer pelas coisas, uma outra característica da doença é o pessimismo", explica. Atualmente a depressão é considerada a 4ª causa de incapacidade para o trabalho, mas estima-se que até o ano de 2030 ela poderá ser a primeira. 

Tipos 

Além da intensidade, há tipos de depressão diferentes. A depressão associada a melancolia é considerada a mais grave pelo psiquiatra. "A pessoa não reage, geralmente é pior pela manhã e melhora ao longo do dia", afirma. Outro tipo é a depressão típica, que geralmente está associada a ansiedade, a pessoa apresenta perda de apetite, insônia e sintomas de ansiedade. Há ainda a depressão atípica em que o paciente demonstra perda de energia, sonolência excessiva e aumento de apetite. 

De acordo com Prado, a maioria dos pacientes apresenta tristeza, mas a depressão é uma doença do humor e não da emoção. "Alguns não choram mas são depressivos graves". O médico acrescenta que a doença é comum, que debilita muito e pode acabar com a vida do paciente e da família. "Há ainda o aumento do risco de doenças cardiovasculares, câncer, e doenças autoimunes", enumerou. Alterações hormonais, imunológicas, gástricas, intestinais, na tireoide, na glândula adrenal, no sono, na frequência cardíaca e na pressão arterial também são provocadas pela depressão, mas em cada pessoa os sintomas secundários de manifestam de uma forma.

Fonte: Folha de Londrina