RS realiza audiências públicas sobre saúde do trabalhador


Com o plenário da Câmara de Vereadores lotado, aconteceu, em Horizontina/RS, a segunda audiência pública sobre saúde do trabalhador, no dia 24 de maio. A primeira ocorreu em Pelotas e mais duas estão programadas para a região Metropolitana do Estado.

O deputado Nelsinho Metalúrgico (PT) presidiu a audiência, que trouxe relatos dramáticos de trabalhadores de algumas indústrias locais. Segundo o parlamentar é urgente mudar essa realidade e, para isso, a sociedade precisa despertar para o debate e cobrar ações. 

"O local de trabalho com segurança é um direito de todos. O trabalhador tem o direito de ir para o serviço e voltar da mesma forma que saiu de manhã. O trabalho não deve ser onde se adoece ou se perde a vida", destacou Nelsinho, autor do projeto de lei 111/2012, que trata sobre a promoção da saúde e a prevenção de acidentes, através de entidades e órgãos ligados ao Poder Público no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Durante a audiência, ficou evidente a necessidade de serem criados mais Centros de Referência da Saúde do Trabalhador (Cerest). Conforme o presidente do Conselho Gestor do Cerest sediado em Ijuí, Arno Feigel, são 12 profissionais para atender 1 milhão de pessoas em uma região com 80 municípios. "O objetivo do Cerest deve ser prevenir, treinar e realizar a vigilância, mas com pouco pessoal torna-se difícil realizar todo o trabalho que é preciso". Feigel ainda falou sobre o quanto é importante que os municípios tenham a rede do SUS informatizada para que se tenham dados mais precisos de problemas recorrentes em trabalhadores.

O coordenador do Cerest, Carlos Negreti Silveira, concordou sobre o necessidade de serem criados mais centros regionais para atender melhor a população. Também chamou atenção para o fato de que apenas 20% a 30% dos problemas ocasionados pelo trabalho são notificados. Já o assessor jurídico do setor de Previdência Social do Sindicato dos Metalúrgicos, Iracildo Binicheski, destacou que, muitas vezes, acaba-se tendo um conceito equivocado sobre saúde. "Saúde não pode ser vista como o não sentir dor. O conceito de saúde é mais abrangente. Ela deve ser física e espiritual. Não é possível tratar o ser humano como uma máquina, que ao estragar uma peça, basta mandar arrumar", ponderou. Ele falou sobre o avanço que está havendo na região em relação ao trabalho do Cerest junto com o INSS no aspecto da reabilitação de trabalhadores.

Depoimento

Durante o encontro, foram relatados casos alarmantes como o de Ércio Ferreira. Após 6 anos trabalhando em uma fábrica de tratores e implementos agrícolas, manuseando equipamentos e material pesado, ele está com problemas graves nos dois ombros. Já se submeteu a cirurgias e sente dores constantes. "Como se não bastasse todo o problema de saúde e o medo de perder o emprego, ainda, quando precisei do INSS levei quase cinco meses para receber meu salário. Tenho família para sustentar. Se não fosse o trabalho da minha mulher, até fome a gente teria passado", falou emocionado e acrescentou ao final: "Me quebrei pela empresa. E agora? Não valho mais nada?", questionou Ferreira.

Encaminhamentos

Ficou a proposta de articulação para tentar levar um dos novos Cerests - outros 24 para o RS - para a região. Atualmente, o Estado conta com 12 unidades.

Fonte: Assembléia Legislativa do RS