UGT faz ato em apoio a sindicalistas americanos contra a Nissan


Na manhã desta quinta-feira, 27 de junho, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo realizou um ato em frente à Nissan (pertencente ao Grupo Sinal) da Radial Leste.

Participaram da ação o UAW (United Auto Workers - sindicato que representa os trabalhadores do setor automobilístico norte-americano), as centrais UGT (União Geral dos Trabalhadores), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, sindicatos parceiros e afiliados, além de trabalhadores e dirigentes da Nissan do Mississipi (Estados Unidos).

O objetivo da manifestação foi apoiar os funcionários da Nissan do estado norte-americano na luta pelo direito de se sindicalizar e ter voz ativa. Afinal, empregados dessa montadora em todo o mundo têm representação sindical, menos os norte-americanos. E, sem representação, eles ficam de mãos atadas na busca por melhorias trabalhistas, não conseguem lutar por benefícios e direitos como jornada fixa, pagamento de horas extras, férias, licença-maternidade, entre outros, e não possuem convenção coletiva.

A principal intenção foi unir forças entre Brasil e EUA e pressionar a empresa a aceitar a sindicalização dos trabalhadores americanos, além de melhorar a situação do emprego nas fábricas situadas nos dois países e permitir melhores condições de trabalho.

“Queremos construir uma nação igualitária. Vamos lutar juntos para que os trabalhadores da Nissan dos Estados Unidos conquistem seus direitos. Além de sermos solidários a eles, continuamos na luta pelos direitos dos trabalhadores brasileiros também. Esta loja aqui da Radial Leste, por exemplo, abre todos os domingos. Isso está errado. Segundo a Convenção Coletiva, a loja só pode funcionar dois domingos por mês”, disse Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da UGT.

“Em março, eu participei de uma manifestação no Mississipi e ouvi relatos assustadores. Lá, quem se filia a um sindicato é ameaçado de demissão. Por outro lado, os Estados Unidos já nos deram muitos bons exemplos. É um País que sempre nos inspirou. O Dia da Mulher (8 de março), por exemplo, surgiu por conta da luta de mulheres trabalhadoras daquele País. Martin Luther King Jr. é outro exemplo: um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo”, complementou Patah.

Bob Kin, presidente do UAW, também estava presente na manifestação: “Para nós, o Brasil é uma fonte de esperança. Sei que vocês estão engajados na luta para não trabalhar aos domingos. Contem com a nossa ajuda, assim como estamos contando com a de vocês pelo direito à sindicalização. Muito obrigado pelo apoio”.

O vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, José Gonzaga da Cruz, também se emocionou com a solidariedade entre os trabalhadores. “Isso é um exemplo para o Brasil e o mundo. Estaremos sempre juntos e engajados em todas as lutas que busquem melhorias para o trabalhador.”

A manifestação contou com o empenho e declarações de incentivo tanto de trabalhadores brasileiros quanto norte-americanos. José Ivo, comerciário da VolKswagen e membro do Conselho Consultivo do Sindicato, relatou sua indignação com a situação dos colegas estrangeiros: “Aqui, as leis são cumpridas porque somos representados e contamos com a força do Sindicato. Temos que nos unir e não permitir as práticas antissindicais que estão acontecendo nos Estados Unidos e promovendo a perda dos direitos sociais dos trabalhadores”.

“Na Nissan norte-americana, sofremos assédio sexual, ameaças de demissão, entre tantas outras coisas. Porém, essa solidariedade internacional está fazendo nos sentirmos mais fortes”, declarou Morris Mock, da Nissan de Canton.

Também de lá, Wayne Walker achou “lindo ver todos se solidarizando. Deve ser estranho imaginar que tudo isso acontece nos Estados Unidos, um dos países mais ricos do mundo, mas é real. Queremos uma legislação trabalhista igual a de vocês”.

Já o trabalhador norte-americano Carl Patton disse que, feliz, levará para casa o seguinte recado: “Há pessoas pelo mundo lutando pela nossa causa”.

Por último, o trabalhador Derrick Johnson acrescentou: “Estamos aqui em defesa dos direitos trabalhistas porque, para nós, esses são os direitos humanos”.

E, como disse o diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo Josimar Andrade, “Por ser uma empresa global, a Nissan tem a obrigação de honrar os compromissos internacionais de direitos humanos, incluindo o direito dos empregados de se sindicalizarem ou não”.

Além do ato de hoje, há outras ações pretendidas nessa luta. Entre elas, estão um encontro com a presidenta Dilma Rousseff, para pedir que ela interceda pelos trabalhadores norte-americanos; uma audiência pública na Assembleia Legislativa e outra na Câmara Municipal; além de atos em repúdio à política da montadora no Mississipi.

“Não é uma simples coincidência isso acontecer num momento tão especial quanto este que o Brasil está vivendo. O povo está tirando da garganta o que sempre incomodou o cidadão: a precariedade na saúde, educação, segurança, a corrupção. Estamos em sintonia com a população”, finalizou Ricardo Patah.

Fonte: UGT