Funcionários da Eletrobras em greve


Funcionários do grupo Eletrobras entraram em greve nacional ontem por tempo indeterminado, após impasse em torno da proposta de reajuste salarial e do corte de benefícios. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sintergia-RJ), houve adesão de 85% a 90% dos 28 mil empregados do grupo à paralisação. Mas a Eletrobras assegurou que não haverá interrupção no fornecimento de energia.

O sindicato propõe que os salários sejam reajustados com base no índice do Custo de Vida (ICV) do Dieese, que mede o custo de vida das famílias do município de São Paulo.

CORTE DE GRATIFICAÇÃO

O índice é calculado para três níveis de renda. O que serve de base para a proposta dos trabalhadores é o ICV do chamado estrato 1, que se refere às famílias mais pobres, com renda média de R$ 377,49. Para essa parcela da população, o custo de vida teve uma alta acumulada de 6,88% em 12 meses encerrados em abril. Além dos 6,88%, o sindicato pede um adicional de 4,3%, referente ao crescimento médio anual do consumo de energia nos últimos três anos. O reajuste ficaria, então, em 11,18%. A Eletrobras ofereceu aumento de 6,49%, que é a inflação medida pelo IPCA em 12 meses encerrados em abril. A data-base da categoria é 1º de maio.

Além da queda de braço na negociação salarial, os trabalhadores se opõem ao corte de benefícios. Segundo o presidente do Sintergia-RJ, Jorge Luiz Vieira da Silva, a Eletrobras quer reduzir a gratificação de férias - dos atuais 66% para 33% - e congelar o anuênio dos funcionários. Quem trabalha nas empresas do grupo tem um aumento automático de 1% sobre o salário a cada ano, limitado a 35 anos. A Eletrobras se dispõe a pagar o que já foi concedido, mas quer acabar com o anuênio daqui para frente.

- O governo mudou as regras para o setor de uma hora para outra. Isso vai acabar com a empresa - diz Silva, referindo-se à Lei 12.783/2013, promulgada este ano que impôs redução nas tarifas de energia às concessionárias.

Em nota, a Eletrobras disse que "a proposta reflete um esforço muito grande do governo federal e das empresas Eletrobras, especialmente se considerarmos o cenário decorrente da redução de tarifa de energia elétrica aos consumidores brasileiros e a conseqüente necessidade do equilíbrio econômico-financeiro das empresas".

Fonte:  O Globo