CMTU faz acordo e evita leilão da sede do órgão no centro de Londrina


A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) “salvou” o imóvel onde fica a sede do órgão de ser vendido em um leilão marcado pela Justiça do Trabalho para sexta-feira (16). Nesta quarta (14), no site da casa de Leilões Serrano, na internet, junto de uma lista de imóveis para leilão, a sede da CMTU, na esquina da Avenida JK com a Rua João Cândido, centro, despertava a cobiça ao ser ofertada por um lance mínimo de R$ 1.120.350,29 – metade do valor real do imóvel, avaliado em R$ 2.240,700,69. A liquidação do imóvel - um prédio de dois andares com 835,63 metros quadrados construídos no terreno de 1,1 mil metros quadrados – seria o passo final de uma condenação sofrida pela CMTU em uma ação de 2003.
Na condenação, a 3ª Vara da Justiça do Trabalho deu ganho ao funcionário João Maria Bonfim, vítima de um acidente de trabalho com uma máquina costal de corte de mato. Na época, o rapaz, com pouco mais de 20 anos, era contratado de uma empresa terceirizada da CMTU que, por ter falido, não tinha bens para indenizá-lo por um acidente com danos morais, estéticos e materiais que custara-lhe a perda parcial da visão e ferimentos na perna com uma pedra.
No fim da tarde, a CMTU fechou acordo com o trabalhador, hoje aposentado por invalidez, no qual o órgão concordou em pagar 10 parcelas mensais de R$ 22,5 mil. A expectativa é de que o documento com a negociação seja protocolado na quinta-feira (15) na Justiça do Trabalho e cancele o leilão da sede da companhia responsável por gerenciar áreas vitais para o funcionamento de Londrina, como gestão do lixo, transporte urbano e limpeza pública.
Antes do acordo, a advogada Tatiana Müller, da CMTU, garantiu ao JL que o órgão promovia “todos os esforços possíveis” para evitar o leilão da sede e não considerava como real a possibilidade de perda do imóvel. “Os passivos trabalhistas incomodam muito a companhia. Estamos checando processo a processo para apresentar um levantamento total dessas situações. Não é nada muito simples”, afirmou a procuradora da companhia. Apesar da cobiça em torno do imóvel, nenhum potencial comprador foi visitar ou inspecionar a sede da CMTU – o que é permitido em imóveis a serem arrematados.
“Muita gente me ligou especulando e perguntando sobre o leilão. Mas não gostaríamos de ver a sede da CMTU leiloada em razão de um processo assim”, afirmou a advogada Gisele Asturiano Martins, representante do trabalhador ganhador da causa. Segundo a defensora, o processo trabalhista “tem um efeito pedagógico”.
“Hoje, as máquinas de corte para mato na capina pública usam fios de náilon, não mais de metal. Espero que os trabalhadores também tenham mais acesso a equipamentos de proteção e segurança, o que antes não existia ou era deficiente”, afirma a advogada. Segundo Gisele, a demora no processo – 10 anos de debates jurídicos – não foi em vão. “É uma grande vitória ver o dano sofrido por ele reconhecido para ser indenizado.” 
Fonte: Jornal de Londrina