Pesquisador americano aponta intimidação na fábrica da Nissan nos EUA


“A Nissan deveria parar com as práticas antissindicais no Mississippi, e tratar seus trabalhadores norte americanos como trata os de outros países onde também atua”. Essa é a conclusão do relatório “Veja o que há por trás do brilho da Nissan”, realizado pelo professor Lance Compa, da Universidade de Cornell, New York e por Derrick Johnson, da Associação Nacional pelo Progresso da População Negra. O relatório é um indicativo da descriminação praticada pela Nissan com a massa de trabalhadores negros da fábrica americana.

Compa expôs seu trabalho durante uma entrevista coletiva, realizada na quinta-feira, dia 31 de outubro, na sede da Força Sindical, em São Paulo. Da entrevista também participaram o presidente da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah e Miguel Torres, presidente em exercício da Força Sindical.

Segundo o relatório, a Nissan viola padrões internacionais de direitos trabalhistas relativos à liberdade de associação por meio de uma interferência agressiva junto aos trabalhadores que tentam se organizar.

Há 10 anos, os trabalhadores da fábrica da Nissan em Canton, no Mississippi tentam formar um sindicato, porém, por meio de ameaças veladas e intimidações, discriminação e baixos salários são impedidos pela empresa de se organizarem.

Lance Compa entrevistou dezenas de funcionários da Nissan para desenvolver seu trabalho. Eles relataram que a empresa faz, durante reuniões e por meio de filmes, afirmações negativas sobre as ações sindicais e sugerem que a formação do sindicato pode diminuir o número de postos de trabalho ou, até mesmo, levar ao fechamento da fábrica.  

Além disso, alegando a lei de propriedade norte americana, a Nissan também barra a entrada dos sindicalistas na fábrica. Dessa forma, os trabalhadores não podem ser informados sobre os benefícios de se associar.

Outro problema apontado é a diferença salarial entre os funcionários da fábrica em Canton. Os efetivos ganham 23 dólares por hora e os temporários 12 dólares, mesmo exercendo as mesmas funções. Os temporários não recebem seguro saúde, pensão complementar e outros direitos sociais.

O relatório afirma que a Nissan deve garantir a seus funcionários o direito à sindicalização, de acordo com os direitos trabalhistas fundamentais da Organização Internacional do Trabalho e também deixar claro que não haverá demissões nem fechamento da fábrica caso os funcionários se sindicalizem.

Em resposta, a Nissan divulgou um comunicado público afirmando que o relatório não é verdadeiro.  

Ricardo Patah elogiou o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores e afirmou que a UGT e outras centrais sindicais são solidárias com os trabalhadores da Nissan do Mississippi, “Toda prática antissindical nos preocupa, porque geram desdobramentos em outros países. Temos sempre que agir, principalmente no caso da Nissan, que é presidida por um brasileiro [Carlos Ghosn]”, disse. 

Fonte: UGT