Superando o preconceito contra exame de próstata


No dia 17 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata. Para ajudar a esclarecer a população sobre a doença a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), junto com o instituto Lado a Lado Pela Vida, realizam durante todo o mês a campanha Novembro Azul. O objetivo da iniciativa é conscientizar sobre a importância de um diagnóstico precoce e desestimular o preconceito que envolve a doença. Para isso, pontos turísticos de várias cidades são iluminados de azul e panfletos com informações sobre a doença são distribuídos.

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele. Para ter uma ideia, dados do Inca apontam que a cada seis homens, um é portador da doença, que é quarta causa de morte entre a população masculina brasileira. A cada ano, surgem 60 mil novos casos de câncer de próstata.

Em entrevista ao Opinião e Notícia, Cristiano Guedes, oncologista do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro, explicou que ainda há muito preconceito e resistência em relação ao diagnóstico e ao tratamento da doença, o que faz com que muitos homens com sintomas tenham medo de procurar auxílio, ou, simplesmente, não saibam onde encontrar atendimento. “É marcante a diferença em relação às mulheres, que, de maneira geral, estão acostumadas a ter acompanhamento médico desde o início da idade reprodutiva”, diz o oncologista.

Cristiano explica que o câncer de próstata, assim como o de mama, se apresenta de duas formas: maligna e indolente. O diagnóstico precoce da doença é fundamental em portadores da forma maligna. “A neoplasia maligna de próstata pode ter um comportamento silencioso: ao apresentar sintomas, o paciente pode já ter uma doença avançada, sem chances de cura”, diz o oncologista. Por outro lado, pacientes saudáveis que são diagnosticados com a forma indolente da doença devem avaliar junto ao medico os riscos e benéficos de se submeter à biópsia e ao tratamento.

Idade é o principal fator de risco

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aumentou de 45 para 50 anos a idade mínima para o exame de próstata. A medida visa evitar que casos indolentes sejam diagnosticados e tratados sem necessidade. Segundo a recomendação da SBU, apenas homens com histórico de câncer na família, negros e obesos devem realizar o exame a partir dos 45 anos. “Em 62% das vezes, o diagnóstico ocorre em homens com idade igual ou superior a 65 anos. A morte por esta neoplasia é muito rara em pessoas com menos de 50 anos. Porém, é importante lembrar que, em caso de sintomas, o médico deve ser sempre consultado, independente da idade. Embora seja incomum, esta doença também pode acometer pessoas na faixa etária entre 40 e 50 anos”, diz Crsitiano.

Tratamentos  e cuidados pós-operatórios

Entre os principais tratamentos do câncer de próstata estão a cirurgia, a radioterapia e a hormonioterapia. Segundo Cristiano, a escolha do tratamento vai depender da idade e do grau do tumor encontrado. “Também é fundamental considerar as condições de saúde do paciente, como a coexistência de doenças pulmonares e cardiovasculares”, explica.

Em casos de cirurgia o paciente pode enfrentar alguns efeitos pós-operatórios. “O risco de incontinência urinária é de cerca de 11%, enquanto o de disfunção erétil é em torno de 37%”, diz Cristiano, ressaltando que existem tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida do paciente após a cirurgia. “Mas vai depender da avaliação individual feita pelo urologista”.

Fonte: Opinião & Notícia