Corte de gastos pode prejudicar alunos especiais da rede municipal em Londrina


A troca de professores de apoio a alunos portadores de deficiência da rede municipal de ensino de Londrina gerou insatisfação entre os educadores. A medida, vista como uma forma simplista em desonerar a folha de pagamento da prefeitura, uma vez que suprime horas extras das profissionais habilitadas para o acompanhamento especial, pode ainda comprometer o aprendizado dos estudantes. Hoje, o município contabiliza 78 crianças com necessidade de apoio, cerca de 40% a mais do que o contabilizado em 2013, de 56 alunos.

Uma das docentes da rede municipal lamentou a decisão da Educação, que segundo ela, coloca os alunos especiais em acompanhamento com "estagiárias, professoras com laudo médico, portadoras de transtorno mental, depressão, etc ou ainda por professoras iniciantes, desconsiderando, além de tudo, o lado humano da educação". Além da troca por profissionais não qualificados para o trabalho, ainda pesa na determinação o fato do período adaptação entre os educadores e os estudantes ser longo, já muitas vezes há casos de pessoas com dificuldades de entrosamento.
"Esta professora que investiu em capacitação, especializando-se, pós graduando-se para melhor atender o aluno, vê-se desapontada porque será substituida por outra profissional de custo bem menor. Então sou tomada de indignação e me pergunto se valeu a pena tanto investimento em capacitação profissional se quando seu trabalho se torna mais caro para o patrão ele simplesmente o descarta e o substitui por mão de obra barata? Qual é o incentivo que esta profissional tem em se aprimorar?", questiona a profissional, que por medo de represálias não se identificou. A carta dela foi publicada nessa quarta-feira (12) pelo blog Paçoca com Cebola.
Por outro lado, a secretaria municipal de Educação, Janet Thomas, aponta que o rodízio de profissionais é útil para o próprio desenvolvimento dos alunos. "O nosso setor pedagógico identificou que manutenção dessa mesma cuidadora, da mesma professora de apoio, é muito mais prejudicial para a criança, até mesmo por conta da acomodação do tempo, a professora não enxerga potencialidades que pode explorar nesse aluno. Uma nova professora pode fazer isso", declarou.
O comunicado sobre a mudança para o acompanhamento teria sido feito no final do ano passado. "Acho que as professoras acabaram chateadas por não terem sido escolhidas, já que estavam há muitos anos no trabalho e acabaram perdendo a hora extra. Tinham professores com salários muito altos, que há muitos anos acompanhavam as mesmas crianças. Além da questão salarial, houve essa demanda do próprio departamento psicopedagógico de fazer a troca", disse Janet, confirmando que a decisão também passou pela ordem financeira da Educação.
Apesar da denúncia apontar que até mesmo estagiários estariam à frente do trabalho, o município aponta que 100% do apoio é feito por professores. "Não temos outro servidor a não ser professor", garantiu. A Secretaria Municipal de Educação verificou a necessidade de apoio especializado para 1.159 crianças com dificuldades em geral, até mesmo para troca de sondas e empurrar cadeira de rodas, por exemplo, em 2013.
O número para este ano deve ser ainda maior, principalmente na educação infantil. No entanto, os dados ainda não foram fechados. "Quando os pais levam o laudo dizendo o tipo de necessidade especial já temos que providenciar o apoio. Mas geralmente muitas crianças não chegam com esse laudo e é quando a própria escola percebe que há algo de diferente e há um trabalho de investigação do departamento de psicopedagogia, que encaminham o aluno para um neurologista", explicou.
Fonte: londrina.odiario.com