Mulheres cuidam bem menos do próprio coração


Elas conquistaram o mercado de trabalho mas não abriram mão de manter a casa em ordem, dar atenção à família e ainda cuidar da beleza. Apesar dos benefícios da emancipação feminina, um preço se estampa em índices de saúde: nos últimos 50 anos, houve um aumento significativo no número de enfartes entre as mulheres, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Enquanto há meio século elas representavam apenas 10% das ocorrências, hoje estão quase empatadas com os homens – são 48%.

O cardiologista Antonio Carlos Carvalho, diretor do Comitê de Emergências Cardiovasculares da SBC, explica que esse aumento se dá principalmente porque as mulheres passaram a desenvolver fatores de risco para doenças cardiovasculares semelhantes aos dos homens, como obesidade, sedentarismo e pressão alta.

O problema é que elas não dão a mesma atenção aos cuidados que devem ter com o coração. “Elas se preocupam mais com outras doenças, como câncer de mama ou de ovário, e por isso não se informam sobre os problemas cardiovasculares. Levam os maridos ao consultório, mas não avaliam os próprios riscos”, diz Carvalho.

Essa é uma das justificativas para a taxa de mortalidade entre enfartados ser até 20% maior em mulheres do que em homens. O número contribui para o fato de o enfarte e o acidente vascular cerebral serem as principais causa de morte no país.

“Ainda existe muita falta de informação e de atuação da área médica para reduzir os fatores de risco e para identificar o problema nas mulheres. Por isso, elas devem prestar atenção neles”, alerta a cardiologista Andréia Biolo, médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Os sintomas de enfarte se apresentam de forma diversa entre os gêneros. Diferentemente dos homens, cujo alarme mais comum é a famosa dor no peito, os sinais nas mulheres podem ir desde uma dor nas costas até o cansaço excessivo – muitas vezes, confundidos com um mero mal-estar.

Fonte: Jornal de Londrina