Vereador diz que documento investigado por Gaeco foi roubado de seu gabinete


O vereador e ex-prefeito Gerson Araújo (PSDB) concedeu uma entrevista coletiva nesta terça-feira (23), quando negou as suspeitas de favorecimento político para a compra de um terreno destinado á construtora Iguaçu do Brasil, suspeita de aplicar um golpe milionário em Londrina.
O parlamentar e o ex-chefe de gabinete William Polaquini Godoy estão sendo investigados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo o delegado Ernandes Cézar Alves, o dono de um terreno na Avenida Henrique Mansano – em frente ao Estádio do Café – teria sido pressionado para negociar a área com a construtora suspeita quando passou a ser procurado por Godoy, que é assessor de assessor de Gérson.
“Estou indignado”, defendeu-se o vereador. De acordo com Araújo, William Godoy de fato procurou o antigo dono do terreno, mas com outro objetivo: “Meu assessor estava propondo que o espaço virasse uma Vila Olímpica. Mas ao mesmo tempo uma empresa de Londrina parece que também tinha interesse no local”, afirmou.
O requerimento a Kireeff sugerindo a desapropriação da área nunca foi protocolado, reafirmou Gérson - e teria sido “roubado” (sic) - furtado - de dentro do gabinete para ser usado de forma ilícita. “Assinei o documento mas a gente assina um, dois, três e depois reviso. Decidi não enviar nem protocolizar. Só que alguém que eu não tenho a menor ideia entrou no meu gabinete, pegou o documento, fez um xerox e entregou para essa empresa citada”, alegou.
“A empresa colocou no processo talvez para convencer o proprietário (do terreno) e colocando que o vereador estava até solicitando a desapropriação”. Segundo o vereador, “alguém com muita má fé” enviou o requerimento para a Iguaçu: “Não tenho o menor conhecimento de quem seja”.
O vereador defendeu o assessor Wilson Godoy e disse que no gabinete a ordem sempre foi agir de forma “dinâmica”. Esse, segundo ele, foi o motivo pelo qual o assessor procurou espontaneamente o dono do terreno para aventar o local como um espaço “espetacular” para a criação da primeira Vila Olímpica de Londrina.
Investigação
Segundo o Gaeco, o fato teria ocorrido quando o vereador assumiu o cargo de prefeito de Londrina, na sequência da cassação de Barbosa Neto (PDT) e a prisão, seguida de renúncia, de Joaquim José Ribeiro, em 2012.
“O assessor (William Godoy) teria entrado em contato (com o dono) para informar que a Prefeitura tinha interesse em desapropriar o terreno. Por conta dessa informação, o dono rapidamente fechou negócio com a Iguaçu do Brasil. Nossas investigações seguem no sentido de apurar se esse interesse na desapropriação era legítimo ou se foi para que a venda do imóvel ocorresse de maneira mais rápida”, explicou o delegado Ernandes Cézar Alves.
O primeiro contato do ex-chefe de gabinete com o dono do terreno, de acordo com o delegado, foi em 23 de novembro de 2012.
Poucos dias depois, em 5 de dezembro do mesmo ano, o imóvel acabou vendido para a Iguaçu do Brasil. 
Como o dinheiro prometido não foi pago na totalidade, as vítimas procuraram o Gaeco. "O terreno fez parte, efetivamente, do golpe aplicado pela construtora em Londrina", afirmou o delegado.
Dentro da investigação das fraudes da Iguaçu do Brasil, o Gaeco também revelou a existência de um requerimento de Gérson ao prefeito Alexandre Kireeff. Nele, Gérson sugere a desapropriação da área. O documento, entretanto, nunca foi protocolado oficialmente na Prefeitura.
Fonte: Jornal de Londrina