Ibovespa despenca com alta de Dilma


Nos últimos meses, o mercado financeiro apostou todas as fichas na derrota da presidente Dilma Rousseff e, agora, com a recuperação da petista nas pesquisas eleitorais, ficou nervoso. Os investidores passaram a se livrar de suas ações e, ontem, a Bovespa despencou 4,52% - a maior queda dos últimos três anos. As ações preferenciais da Petrobras caíram 11%. E o dólar teve alta consistente de 1,53%. A expectativa é que o ambiente na Bolsa siga tumultuado até sexta-feira, última sessão antes das eleições de domingo. 

Consultor de investimento da Inva Capital de Curitiba, Raphael Cordeiro diz que a reação dos investidores é imediata e natural, mas também há corretores fazendo terrorismo com o cenário eleitoral. Conforme os clientes põem suas ações à venda, eles ganham as comissões. "É preciso tomar cuidado. A atual campanha teve várias surpresas e é difícil prever quem vai ganhar", alerta. 

Segundo ele, o mercado acredita que qualquer alternativa é melhor que Dilma Rousseff. "Com inflação alta e crescimento pífio, os investidores torcem pela mudança", declara. De acordo com o consultor, o fato de Marina Silva ser apoiada por Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, traz segurança para o mercado. "Além disso, o programa (da candidata do PSB) é mais parecido com o do PSDB", alega. 

Cordeiro lembra que, em março, as ações preferenciais da Petrobras chegaram ao mínimo de R$ 14, quando Marina era apenas a vice de Eduardo Campos. E subiram para um valor próximo de R$ 25 no início de setembro, quando já presidenciável, ela chegou ao auge das intenções de voto. Conforme foi caindo nas pesquisa, as ações da companhia também voltaram a cair, atingindo agora R$ 19. 

Questionado sobre qual orientação ele dá aos clientes, o consultor diz que não há motivo para desespero. "Se o investidor tem uma estratégia sólida de longo prazo, ele não precisa se preocupar", afirma. Mas há os catastrofistas. "Tem cliente que acha que o mundo vai acabar, que o Brasil vai virar Cuba. Se a pessoa pensa realmente assim, deve vender todas as ações, se desfazer de outros investimentos no Brasil, e guardar o dinheiro no exterior", declara. 

Cordeiro ressalta que Bolsa não é ativo para quem precisa de liquidez, mas um investimento de longo prazo. "O importante é ter uma boa estratégia. Não adianta a pessoa comprar ações e ficar estressada olhando todo dia os altos e baixos da Bolsa. Dizem que o mercado é maníaco-depressivo. Mas o investidor não precisa ser", brinca. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o mercado no Brasil vem sofrendo influências externas por conta de indefinições da política monetária dos Estados Unidos e da evolução da economia chinesa. E lembrou que, durante vários meses, a Bolsa brasileira esteve em alta, como ocorreu com outros países emergentes. Para Mantega, há terrorismo por conta da questão eleitoral. "Alguns players gostam de utilizar (as eleições) para fazer resultado. Há uma volatilidade que interessa a alguns", apontou. 

Sessão
Até o fim da sessão da Bovespa ontem, os investidores reagiam à pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira e favorável a Dilma. E os números da CNT/MDA, que saíram no fim da tarde (também favoráveis à petista), ainda foram capazes de ampliar um pouco as perdas. O principal índice da bolsa brasileira teve baixa de 4,52%, aos 54.625,35 pontos. O volume de negócios somou R$ 9,973 bilhões, segundo dados preliminares. 

Após a pesquisa Datafolha de sexta-feira mostrar chance de vitória de Dilma ainda no primeiro turno, o dólar subiu de forma consistente ontem. À vista, negociado no balcão, fechou acima dos R$ 2,45, em alta de 1,53%, aos R$ 2,4510. Este é o maior patamar de fechamento desde 9 de dezembro de 2008, pouco depois do estouro da crise mundial, quando marcou R$ 2,4720. No mercado futuro, a moeda para outubro, tinha alta de 1,53%, aos R$ 2,4510.

Fonte: Folha de Londrina (Com Agência Estado)