Professores e funcionários aprovam greve na rede estadual


Professores e funcionários da rede estadual de ensino aprovaram por unanimidade, na manhã deste sábado (7), a deflagração de uma greve por tempo indeterminado. Com isso, os docentes deixam de ir às salas na próxima segunda-feira (9), quando começaria o ano letivo. Mais de 2,1 mil escolas ficam sem aulas, afetando 950 mil alunos matriculados na rede.

“A greve foi definida por conta do caos que se instalou com os cortes promovidos pelo governo do estado e com a proposta de suprimir direitos dos professores conquistados historicamente”, disse Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP-Sindicato, que representa a categoria. A assembleia foi realizada nesta manhã, em Guarapuava, no Centro-Sul. Segundo o sindicato, cerca de cinco mil professores participaram do encontro.

A confirmação da greve consolida uma crise na educação estadual, que estava em ebulição nas duas últimas semanas por conta de medidas de contingência determinadas pelo governo do estado. Entre elas, estão o corte de funcionários das escolas (10 mil servidores foram demitidos, segundo o sindicato); o calote em parcelas do fundo rotativo (dinheiro destinado à manutenção das escolas e compra de materiais) do ano passado; e atraso no pagamento do terço de férias dos docentes e da rescisão dos 29 mil professores temporários que trabalharam na rede no ano passado.

A gota d’água, no entanto, foi o “pacotaço” enviado pelo governador Beto Richa (PSDB) à Assembleia Legislativa na última quarta-feira (4). A proposta prevê a extinção dos quinquênios e torna mais difícil a retirada de licenças (que passam a ser aprovadas diretamente pelo secretário de Educação). A medida também promoveu cortes no vale-transporte e amplia a contribuição para a aposentadoria.

Acampamento

Para tentar impedir a aprovação do “pacotaço”, os professores devem levantar um acampamento em frente à Assembleia Legislativa nesta semana. Outras manifestações devem ocorrer, paralelamente, em todo o estado. A intenção da categoria é detalhar à população o impacto que os cortes causam à educação do Paraná.

“A categoria, em peso, vai tentar impedir que essas propostas absurdas sejam votadas na Assembleia. O ‘pacotaço’ tenta acabar com direitos que os professores levaram mais de 60 anos para conquistar”, destacou. Alguns professores devem ir às escolas, mas apenas para explicar a pais de alunos os motivos pelos quais a greve foi deflagrada pela categoria.

Londrinenses vão participar de mobilização em Curitiba

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, APP-Londrina, Márcio André Ribeiro, disse por telefone ao JL, logo após a decisão pela greve, que na segunda-feira (9) a APP-Londrina organiza na sua sede, a partir das 10 horas, o comando de greve e a estrutura da comunicação com imprensa e população. “O principal, no entanto, será preparar e organizar a caravana que sai de Londrina na noite de segunda-feira. Vamos, com caravanas de todo o Paraná, invadir Curitiba na terça-feira”, disse.

Ribeiro disse que a caravana que partiu de Londrina para Guarapuava levou cerca de 200 professores. “A assembleia aqui em Guarapuava tinha cerca de 8 mil pessoas”, afirmou o sindicalista. De acordo André Ribeiro, “há notícias” de que servidores estaduais das universidades, da saúde e outros setores, deverão também decidir pela greve na semana que vem. Vários sindicatos trabalham por uma greve geral estadual para neutralizar as medidas de contingenciamento do orçamento e supressão de benefícios dos servidores determinados pelo governador Beto Richa (PSDB).

Governo do Paraná

Em nota, a Secretaria da Educação lamentou a decisão pela greve dos professores e lembrou que, nos últimos quatro anos, a categoria recebeu 60% de reajuste salarial e a ampliação de 75% na hora-atividade, dois avanços históricos em vencimentos e benefícios. Ainda segundo o governo, em 2014, os investimentos do Paraná no setor superaram em R$ 1,8 bilhão o mínimo constitucional e o Estado aplicou na área 35% do orçamento.

Em entrevista coletiva realizada na sexta-feira (6), o secretário de Estado da Educação, Fernando Xavier Ferreira, demonstrava esperança de que os professores não optassem pela paralisação. Apesar disso, ele havia dito que não haveria um “plano b” em caso de greve. “A secretaria vive do trabalho dos professores. Se eles tomarem a decisão de greve, não poderemos tomar uma medida emergencial”, disse.

Fonte: Jornal de Londrina