Professores da UEL decidem manter greve


Os professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) seguem em greve pelo menos até a próxima quarta-feira. A decisão foi tomada em assembleia do Sindiprol/Aduel realizada no final da manhã de ontem, no Anfiteatro Cyro Grossi, no campus da universidade. Depois de três horas de argumentações contrárias e favoráveis, os professores decidiram por adiar a decisão para o dia 18, data da próxima assembleia, indo na contramão de outros sindicatos, que já decidiram pela suspensão da greve (veja box). 

O anfiteatro ficou lotado. O sindicato tentou fazer a votação por contraste, pedindo para que os professores levantassem as mãos. Como os presentes estavam bastante divididos, foi necessária a contagem dos votos. Foram 238 votos a favor da prorrogação da greve e 226 contra. 

O vice-presidente do Sindiprol, Nilson Magagnin Filho, considerou que adiar a votação foi uma decisão acertada diante do resultado acirrado. "Essa divisão é um prévia do que ocorreria na votação principal. Precisamos de mais tempo para obter mais informações e tentar avançar as negociações", pontuou. 

Maganin Filho anunciou durante a assembleia que o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), líder do governo na Assembleia Legislativa, marcou uma reunião em Curitiba para segunda-feira pela manhã, para discutir os pontos para o possível fim da greve. Segundo o sindicalista, a retomada das aulas na UEL é impossível, pois o governo ainda não fez o repasse do custeio para a universidade. "Sem esta verba não temos como receber os alunos", afirmou. 

Ele mencionou outros dois itens principais da pauta de reivindicações. "Há uma desconfiança grande quanto à questão do Paranaprevidência e ao pagamento do 1/3 de férias", disse, citando reivindicações da categoria que o governo garantiu cumprir por meio de termo de compromisso assinado por Romanelli e pelo secretário da Ciência e Tecnologia, João Carlos Gomes, e endossado pelo chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra (veja box). 

Enquanto alguns professores defendiam que as garantias tinham que partir do próprio governador Beto Richa (PSDB), outros destacavam o documento como avanço nas negociações. "Podemos dizer que o documento não atende todas as reivindicações, mas não que o governo não está negociando", analisou Sílvia Alapanian. 

O advogado César Bessa, integrante da Comissão Jurídica do Comando de Greve, informou que os representantes do Sindiprol/Aduel não foram notificados sobre a decisão do desembargador Luiz Mateus de Lima, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). O desembargador havia determinado, na última sexta-feira, o retorno imediato ao trabalho dos professores e servidores das sete universidades estaduais do Paraná. O sindicato que descumprisse a medida seria multado em R$ 3 mil. 

Já os servidores técnicos administrativos da UEL decidiram suspender a greve iniciada no dia 10 de fevereiro. As duas assembleias realizadas ontem contaram com a participação de 640 servidores. A maioria decidiu pela volta aos trabalhos com a manutenção do estado de greve. 

O presidente da Assuel Sindicato, Marcelo Seabra, explicou que a paralisação pode ser retomada a qualquer momento, caso o governo não cumpra as promessas feitas à categoria. "Quase todos os servidores do HU (Hospital Universitário) mantiveram os trabalhos internos, mesmo com a restrição nos atendimentos. Há uma carência de, no mínimo, 200 servidores. O governo precisa contratar novos profissionais", destacou. 

Conforme Seabra, o atendimento ao público, tanto no campus quanto no Hospital das Clínicas, deve ser retomado na segunda-feira.

Fonte: Folha de Londrina