Abi Ă© o grande caixa financeiro de Beto Richa, diz Caramori ao Gaeco


O fotógrafo e ex-assessor do governo do Estado Marcelo Caramori afirmou em depoimento ao Ministério Público que o empresário Luiz Abi Antoun seria o grande “caixa financeiro” do governador Beto Richa (PSDB), sendo responsável por arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais. De acordo com Caramori, preso em janeiro sob acusação de envolvimento em um esquema de exploração sexual de adolescentes, Abi Antoun teria organizado um esquema criminoso que envolveria a colocação de pessoas em “pontos estratégicos” da estrutura do governo do Estado.

Em depoimento prestado no dia 5 de fevereiro, Caramori afirma que “Abi é o grande caixa financeiro do governador Beto Richa, incumbindo-lhe bancar campanhas políticas e arrecadar dinheiro proveniente dos vários órgãos do Estado”. Nas investigações do Gaeco, assim como nos bastidores da política estadual, Abi, que é parente distante de Richa, aparece como alguém influente no governo, embora não ocupe cargo na administração pública. Conforme o ex-assessor, ele teria poder para indicar ocupantes de cargos comissionados “em pontos estratégicos do Estado”, como “chefes de fiscalização e das polícias”. Caramori afirma ainda que Abi “exerce fundamental tarefa nesse esquema de arrecadação”.

Abi é um dos sete indiciados pelo Gaeco na Operação Voldemort, que investiga a denúncia de que o empresário liderou o grupo suspeito de fraudar a licitação que resultou na contratação emergencial da Providence Auto Center, oficina que consertava os carros do governo na região. O Gaeco sustenta que Abi seria o verdadeiro proprietário da Providence e que usaria como “laranja” Ismar Ieger, que aparece como dono oficial da empresa.

No mesmo depoimento, Caramori estabelece a relação entre Abi e o ex-inspetor geral de Fiscalização da Receita Estadual, Márcio de Albuquerque Lima, que teve a prisão decretada em outra operação do Gaeco, a Publicanos, criada para investigar um esquema de sonegação que funcionava na Delegacia da Receita em Londrina. Os fiscais e auditores investigados são acusados de cobrar propina de empresários que tinham dívidas com a Receita. Em troca, eles quitariam as dívidas sem que o Estado recebesse o dinheiro.

Segundo Caramori, “Lima exerce importante tarefa” no esquema de arrecadação que teria sido montado por Abi. O ex-assessor afirma que a importância de Lima no esquema teria justificado sua nomeação para o cargo de Inspetor Geral de Fiscalização da Receita, em junho do ano passado. A responsabilidade pela nomeação seria do próprio governador.

 Lima, que é companheiro de equipe de Beto Richa nas provas automobilísticas das 500 milhas de Londrina, é considerado foragido. Ele ficou no cargo de Inspetor Geral de Fiscalização até o último dia 2 de março, três dias antes do Gaeco cumprir um mandado de busca e apreensão no seu escritório, em Curitiba.

 

PSDB diz que vai processar Caramori

A assessoria do PSDB, partido do governador Beto Richa, negou a existência de qualquer irregularidade nas campanhas eleitorais do governador. Segundo a assessoria do partido, todas as prestações de contas das campanhas de Richa foram apresentadas à Justiça Eleitoral e julgadas regulares.
O PSDB também nega que o empresário Luiz Abi Antoun tenha tido qualquer influência na arrecadação de recursos para a campanha e sequer participava do comitê financeiro. Segundo o partido, as declarações de Marcelo Caramori não têm fundamento e o partido irá processá-lo pelas suas afirmações.
Leonardo Viana, advogado de Marcelo Caramori, disse que não iria se pronunciar sobre os depoimentos de seu cliente. A reportagem não conseguiu conversar com Antônio Carlos Coelho Mendes, advogado de Luiz Abi Antoun.

Fonte: Jornal de Londrina (Rogerio Waldrigues Galindo/Gazeta do Povo)