UEL para por uma semana


A semana que vem será de paralisação total nas principais universidades estaduais do Paraná. Além dos professores das universidades de Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), do Oeste (Unioeste) e do Centro-Sul (Unicentro) já estarem em greve por tempo indeterminado, docentes, servidores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) se reuniram ontem, em assembleia unificada na Concha Acústica, centro da cidade, para decidir que também vão suspender as atividades enquanto o projeto de lei sobre as mudanças no Paranaprevidência estiver em votação na Assembleia Legislativa. 

A previsão, conforme os representantes sindicais, é que a proposta do Executivo faça parte da pauta dos deputados já na próxima segunda-feira. Considerando que a matéria deve ser votada em dois turnos, na terça e quinta-feira, e que na próxima sexta será feriado por causa do Dia do Trabalhador, é certo que a paralisação na UEL ocorrerá pelo menos durante toda a semana. Ontem já não houve atividades na universidade. Além da assembleia na Concha, a comunidade acadêmica saiu em passeata pelo Calçadão. Integrantes da mesma base sindical, a Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) e o campus de Apucarana da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) farão assembleias específicas para decidir se aderem ou não à paralisação. 

O presidente do Sindiprol Aduel, entidade que representa os docentes da UEL, Renato Barbosa, explica que a categoria está trabalhando com a perspectiva de tentar evitar que o governo obtenha aprovação da proposta das retiradas de recursos do Paranáprevidência. Ao contrário da primeira matéria, em que era discutida a retirada de R$ 8 bilhões do fundo de uma só vez, agora o governo propõe que sejam recolhidos R$ 142 milhões por mês. Somando todos os repasses até o fim do mandato de Beto Richa, o montante retirado do Paranáprevidência e levado para o caixa do governo deverá ser de R$ 6 bilhões, calula o sindicato. "O governo está tentando se apropriar do dinheiro do trabalhador para resolver o problema do caixa dele. É uma nova modalidade de tratoraço", define Renato. 

CUSTEIO
Além do imbróglio do Paranáprevidência, os professores também reivindicam que o acordado com o governo sobre o custeio da universidade seja cumprido. Até ontem, só 60% dos recursos necessários para quitar os débitos da UEL referentes aos três primeiros meses do ano foram enviados pelo governo. A categoria também pede que 297 aprovados em concurso e que ainda aguardam a nomeação sejam convocados pelo Estado. 

Os professores alegam que não são culpados do estado financeiro em que se encontra o atual governo. Levantamento feito pelo próprio sindicato mostra que, no primeiro mandato de Richa, a arrecadação cresceu 61%, enquanto a folha de pagamento dos servidores apresentou acréscimo de 35% no período. 

Segundo a Assuel, o sindicato dos servidores técnico-administrativos da UEL, a universidade vem trabalhando com 40% do efetivo de funcionários. A situação tende a piorar com a abertura do novo Restaurante Universitário – a unidade antiga já atendia com apenas dois terços do total de servidores necessários. "Entendemos que temos pautas e interesses comuns [com os professores]. Um dos nossos objetivos é chamar a atenção da comunidade para o problema que o governo quer resolver tirando dinheiro dos trabalhadores", pontuou o presidente da Assuel, Marcelo Alves Seabra. 

O deputado estadual Tercílio Turini (PPS) participou da reunião e reforçou que a única maneira de impedir que o Paranáprevidência passe pelas mudanças propostas pelo Executivo é a mobilização com os demais parlamentares. Vinte e oito votos são necessários para a aprovação da proposta, mas a categoria que quer impedir isso não tem mais do que 20 parlamentares dispostos a votar contra. "Só uma mobilização fará com que mudem o voto", diz.

 

Fonte: Folha de Londrina