Políticas de Kireeff abrem espaço para reeleição


Abertamente avesso à reeleição, o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) elenca uma série de medidas a favor do contribuinte digna de gestores que pleiteiam um segundo mandato. Desde o ano passado, desistiu de medidas que aumentariam o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ampliou o valor venal dos imóveis cobertos por isenção do tributo, criou programa de anistia a devedores e ampliou o passe livre a todos os estudantes da cidade, entre outras medidas. 

O prefeito defende que as medidas foram tomadas como um plano de governo, e não de poder, e diz que também adotou atos pouco populares. Vereadores ouvidos pela FOLHA também analisam os gestos como uma política governamental, mas avaliam que a indecisão acerca de disputar a reeleição traz instabilidade à continuidade de um projeto de governo com boa aceitação. 

No ano passado, Kireeff propôs rever a Planta Genérica de Valores (PGV), que é utilizada como base para cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e está desatualizada há 14 anos. A justificativa era corrigir injustiças, já que, proporcionalmente, há áreas nobres de Londrina onde o tributo é proporcionalmente mais baixo que em bairros mais populares. 

O texto precisava ser aprovado no ano passado para os novos valores vigorarem este ano – se aprovado em 2015, só serão válidos em 2016. Porém, após a matéria ser criticada no Legislativo, Kireeff desistiu da proposta e engavetou a revisão, que teria de ocorrer em ano pré-eleitoral. 

Outra matéria que ficou de lado foi o IPTU progressivo, que torna mais caro o valor do tributo à medida em que o imóvel permanece sem edificação. O dispositivo é tomado como uma ferramenta para evitar especulação imobiliária, mas o projeto de lei ainda não está na Câmara. 

Neste ano, a lista ainda inclui a ampliação do passe livre para os universitários, pós-graduandos e ensino técnico, a ampliação do valor venal do imóvel isento de IPTU, a compensação de débitos com a prefeitura com precatórios que o contribuinte tem a receber e até o Programa de Regularização Fiscal (Profis), que anistia de multas e juros os devedores de impostos. 

Para a vereadora Elza Correia (PMDB), os projetos de lei encaminhados por Kireeff fazem parte de um plano de governo que não implicam necessariamente em interesse eleitoreiro. "O passe livre, por exemplo, era promessa de campanha. A única coisa que não estava prevista foi a planta de valores", recorda a parlamentar, que foi líder do governo no primeiro ano da gestão. Para ela, entretanto, os frutos da gestão devem ser perpetuados. 

Rony Alves (PTB) diz que entender os projetos desta forma é "olhar os projetos de lei com os óculos da política antiga, da qual Kireeff tem ido na contramão". Por outro lado, admite que é uma trajetória "que o classifica como um candidato à reeleição". 

Na avaliação de Mario Takahashi (PV), diante do discurso mantido, Kireeff deve mesmo ficar fora da eleição do ano que vem. "Outros vereadores dizem que ele vai, mas eu duvido." Entretanto, ele ressalta que, até o momento, não há um sucessor natural do prefeito, algum nome próximo e com força política. 

Vilson Bittencourt (PSL) diz que Kireeff tem sensibilidade às dificuldades da cidade e que um possível sucessor terá de seguir a mesma linha. Ele até arrisca um nome: "Acho que o Christian (Schneider, presidente da Sercomtel) tem um perfil técnico, sensibilidade, conhecimento de Londrina e credibilidade."

Fonte: Folha de Londrina