Servidores do DF protestam contra suspensão de reajuste


Servidores públicos do Distrito Federal (DF) protestaram hoje (29) contra o aumento de tarifas e impostos e a suspensão de reajuste salarial dos servidores, anunciados em setembro pelo governo local para tentar equilibrar as contas da capital federal. As manifestações começaram pela manhã, em Taguatinga, região administrativa a 20 quilômetros de Brasília.

À tarde, manifestantes reuniram-se na Rodoviária do Plano Piloto, na região central da cidade. Eles distribuíram  panfletos e soltaram balões pretos com mensagens contra o governo. O Movimento Passe Livre juntou-se ao grupo dos servidores para dar apoio ao ato e protestar contra o reajuste da tarifa de ônibus.

“Hoje é um dia de lutas de todas as categorias que tem relações de trabalho com o governo do Distrito Federal, que estão ameaçados com calote anunciado e também com o risco de privatizações e o risco de demissões de trabalhadores terceirizados”, disse o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Brasília, Rodrigo Rodrigues.

Greve
Os servidores do GDF entraram em greve desde outubro, após o governo anunciar, em setembro, uma série de medidas para reverter um déficit de R$ 5,2 bilhões no Orçamento. Dentre elas, cancelou a parcela de reajuste dos servidores previstas para este ano. Na semana passada, o governo local informou que voltaria a pagar o aumento das 32 categorias em 1º de outubro de 2016. Os reajustes foram autorizados em 2013, na gestão do ex-governador Agnelo Queiroz.

"Não implementamos os reajustes pela total impossibilidade de fazê-lo", disse o governador do DF, Rodrigo Rollemberg. Ele condicionou o pagamento à aprovação pela Câmara Legislativa de um conjunto de projetos para aumentar a receita do Executivo. Hoje, o governo anunciou que vai cortar o ponto dos servidores cuja a greve tenha sido declarada ilegal pela Justiça .

Até agora, o Tribunal de Justiça considerou ilegal as paralisações dos professores, dos agentes penitenciários e socioeducativos e dos servidores da Secretaria de Saúde, da Fundação Hemocentro e do Instituto Médico-Legal (IML). Os funcionários do Hemocentro, do IML e dos sistemas socioeducativo e penitenciário e enfermeiros voltaram ao trabalho. Nesta quinta-feira, funcionários da Saúde também encerraram a greve.


Confronto
A manifestação desta quinta também foi um ato de “repúdio” contra a ação da Polícia Militar (PM), que ontem entrou em confronto com professores, em greve desde o dia 15. Pelo menos 11 pessoas foram presas por desacato, segundo a PM. O protesto bloqueou o trânsito no fim do Eixão Sul e do Eixão Norte, que cruza o Plano Piloto, região central da capital, e dá acesso às regiões administrativas e Entorno. Policiais usaram spray de pimenta e gás lacrimogênio para dispersar o grupo.

“A ideia era fechar por 40 minutos o trânsito e distribuir panfletos para conscientizar a população sobre o que está acontecendo no DF. Antes disso o Batalhão de Choque chegou”, disse André Barreto, do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF). Está marcada para amanhã uma assembleia para definir se a greve continua. “Tinham escolas que estavam funcionando. Em razão do que aconteceu ontem, fecharam as portas hoje. A categoria se sentiu ofendida e o movimento pode se intensificar”, acrescentou Barreto.

O governo do DF disse, em nota, que “alguns poucos professores” radicaliram o movimento grevista com o fechamento de vias públicas e interrupção do tráfego e causaram transtornos a milhares de pessoas que transitavam pelas vias da cidade.

“O governo de Brasília tem a obrigação de assegurar à população o livre trânsito pelas vias da cidade e não pode permitir que algumas pessoas interrompam o tráfego por sua vontade ou a qualquer pretexto. A Polícia Militar agirá sempre, dentro da lei e de suas atribuições, para impedir o fechamento de vias públicas”, informou a nota.

Fonte: Agência Brasil