Grevistas da Sanepar cobram ganho real


Embora sem afetar o abastecimento de água e o tratamento de esgoto, trabalhadores vinculados a pelo menos quatro de um total 22 sindicatos que negociam a data-base com a Sanepar completaram ontem uma semana em greve. O impasse na negociação está na diferença entre o reajuste oferecido de 11,08%, que corresponde à reposição da inflação no período, e a expectativa de ganho real aguardada pelos trabalhadores há pelo menos três acordos coletivos de trabalho. 

Na tarde de ontem, os grevistas fizeram manifestações em frente ao escritório administrativo da empresa na Avenida Higienópolis; em frente à Estação de Tratamento na Avenida JK; e no ponto de captação de água do Rio Tibagi, na zona leste. 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto de Londrina e Região (Sindael), Alexandre Schmerega Filho, 180 trabalhadores aderiram ao movimento. "Os serviços essenciais estão sendo mantidos, mas os trabalhadores dos sistemas de abastecimento do Tibagi e do Cafezal também querem aderir", alertou. "A gente quer uma correção linear dos salários, em que o impacto da folha de pagamento é dividido pelo número de trabalhadores; mudanças no plano de saúde; e alterações por tempo de serviço no Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS)", afirmou. Segundo o presidente do Sindael, 60% dos trabalhadores responsáveis pela manutenção da rede de tratamento, pelo serviço de leitura e pelo atendimento geral recebem salários iniciais de R$ 1.393. 

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Água, Esgoto e Saneamento de Maringá e Região Noroeste do Paraná (Sindaen), Vera Lúcia Pedroso Nogueira, afirma que a insatisfação é generalizada mesmo entre os funcionários que já retornaram ao trabalho. "Faz anos que nós trabalhadores assinamos o acordo, acreditando na promessa de valorização tanto por parte da Sanepar, quanto do governador Beto Richa, que se comprometeu por escrito a valorizar os saneparianos, durante a campanha de reeleição", ressaltou. 

Vera Lúcia acrescenta que esse descontentamento por parte dos grevistas é agravado pela defasagem salarial em relação a outros Estados. "A Sanepar está entre as melhores empresas de saneamento do País do ponto de vista do serviço realizado, porém, pode ficar entre as piores no que se refere à valorização dos seus colaboradores", apontou. Ela também reclama dos altos salários pagos aos "consultores estratégicos", cargos em comissão que, desde a campanha salarial de 2015, os sindicatos dos trabalhadores vêm combatendo. 

Um dos diretores regionais do Sindicato dos Trabalhadores de Cascavel e Regiões Oeste e Sudoeste do Paraná (Saemac), José Pires, reforça que outro ponto de contestação aos 11,8% oferecidos pela empresa são os lucros registrados. "A empresa anuncia lucros cada vez maiores, mas não reparte com seus trabalhadores, apenas com os acionistas", constatou. Também estão em greve os trabalhadores ligados ao Sindicato dos Profissionais de Química do Paraná (Siquim). 

A Sanepar, por meio da assessoria de imprensa, explicou que o reajuste de 11,8% concedido aos funcionários no acordo coletivo de trabalho, com vencimento da data-base em março, já foi pago com o valor retroativo referente aos meses de abril e maio a todos os trabalhadores vinculados aos sindicatos que aceitaram a proposta. No caso dos trabalhadores de Curitiba, como a negociação foi para dissídio, eles retornaram às atividades e aguardam o julgamento da questão pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). "Os saneparianos de Curitiba estão trabalhando, mas seguem em estado de greve. A paralisação apenas foi suspensa e aguarda a Justiça se manifestar", esclareceu Pires.

Fonte: Folha de Londrina