Vereadores de oposição ao governo do prefeito Alexandre Kireeff (PSD) acreditam que é real a possibilidade de o município fechar o ano com deficit e atribuem a dificuldade nas finanças à falta de planejamento. Conforme reportagem publicada ontem pela FOLHA, o deficit projetado para 2016 é de R$ 74 milhões, considerando-se números de maio, e o próprio prefeito admite que se medidas de cortes de gastos e aumento de receita não derem resultado, as contas podem fechar no vermelho.
Para Mário Takahashi (PV), que tem acompanhado as contas municipais por meio de pedidos de informação ao Executivo, a situação "é muito preocupante e exige cautela extrema". "Acredito que faltou planejamento da administração municipal", avaliou. "Obviamente a crise faz cair a arrecadação, mas, é um cenário que se mostra desde 2014 e o planejamento deveria ter considerado esta queda na arrecadação." Para o prefeito, a crise econômica é o principal motivo da situação atual.
Como exemplo de erros de planejamento da administração, o parlamentar citou o benefício do passe livre irrestrito a todos os estudantes de Londrina, cuja estimativa inicial de impacto era de R$ 14 milhões anuais, mas, o valor demonstrou-se bem maior, de R$ 25 milhões. "Houve um erro de cálculo", criticou.
Para o vereador, o prefeito deverá considerar outras formas de salvar as finanças – fazendo cortes consideráveis – porque não acredita que o Programa de Regularização Fiscal (Profis) será aprovado na Câmara. "O entendimento predominante é de que este tipo de projeto, por conceder benefícios fiscais, não pode ser votado em ano eleitoral", pontuou.
De acordo com a vereadora Lenir de Assis, a situação da prefeitura é preocupante e embora Kireeff tenha declarado à reportagem que vai priorizar a transparência nas contas públicas, mesmo que a situação financeira esteja negativa, a petista vê o cenário com desconfiança. "Planejamento não pode ser feito de um dia para o outro. Os secretários sempre defenderam aqui na Câmara os projetos do Executivo, argumentando haver dotação orçamentária, então como ter agora essa previsão de quase R$ 80 milhões de rombo!", disse Lenir. "Certamente, já sabiam dessa dificuldade e faltou revelarem isso", completou.
Conforme Lenir, o Profis deve encontrar resistências na Casa para aprovação. "É um projeto que penaliza os contribuintes que sofrem para pagar os seus tributos em dia", criticou.
Por outro lado, o vereador Vilson Bittencourt (PSB) considerou exageradas as críticas ao governo de Kireeff. Segundo ele, as contas municipais foram "claramente" impactadas pela retração econômica nacional. "Acredito muito nesta administração, são técnicos muito competentes no planejamento financeiro."
Bittencourt defendeu a aprovação do Profis. "Voto pela legalidade. É um momento difícil para a cidade e o prefeito já falou que o programa é fundamental. Conheço muitas pessoas que deixaram de pagar IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) por causa da queda na renda. Como é um imposto que não gera uma consequência imediata, o cidadão vai empurrando e a renegociação vai ajudar a todos."
Fonte: Folha de Londrina